Excelente contribuição sobre a origem do pontinho fora.Aproveitem!
A ORIGEM DO PONTINHO FORA
Tenho acompanhado a batalha dos corneteiros conscientes da força e do tamanho do Grêmio nas competições nacionais e internacionais contra a cultura do "pontinho fora". O SINPOF (Sindicato do Pontinho Fora) é forte e previsível, mas não é invencível. Talvez algum dia nós, gremistas ávidos pela prática do bom futebol, possamos se não vencer a luta ao menos contar ao nosso lado com cabeças abertas como mostrou ser a do Roger, estudioso de táticas modernas de futebol e dos times que aplicam a teoria de que pontinho fora é tão ruim quanto uma derrota.
A origem da busca do empatezinho na casa do adversário pode ter surgido com o Capitão Froner, de saudosa memória, multicampeão pelas nossas bandas, mas que também nunca passou do Mampituba em matéria de títulos. Lembro-me dos primeiros campeonatos brasileiros, os Robertões, em que o Grêmio ia para o Maracanã com o Altemir (zagueiro de origem no Paraná) de lateral direito e Jadir, Paulo Souza ou Cléo como rabo-de-vaca, ou center half das antigas. A imprensa carioca dizia que o Grêmio era um time de jogadores muito bem preparados, que corriam o campo todo, que marcavam muito etc. Ou seja, elogiavam nossa conhecida cultura de "bola pro mato que o jogo é de campeonato". O jogo corria com o Botafogo, Flamengo, Vasco ou Fluminense em cima, apertando nosso meio de campo para trás, sufocando a zaga e o Alberto (para os mais novos um goleiro que chegou à seleção) como um dos melhores em campo sempre, até que alguém lá atrás dava um bago para o ataque - que o Larry elegantemente chamava de "balão otimista" e não de lançamento, mas eu prefiro mesmo "bago pra frente" - o Flecha, o Volmir, o Alcindo, o Joãozinho, o Loivo, o Babá, qualquer um, pegava o time adversário desarrumado na defesa e fazia um golzinho salvador. Pronto, estavam lançados para a posteridade os melhores e hoje preferidos do SINPOF rótulos da busca do pontinho fora. Diziam, estão vendo como é fácil ganhar deles lá fora? É só fechar atrás que eles se abrem lá frente…
Na Taça Brasil, primeira competição realmente nacional interclubes que tivemos, não era diferente, porque o regulamento já estava mal-cheiroso de tanto ficar debaixo do braço, e lá íamos nós ganhando uma que outra fora, mas perdendo sempre que fosse preciso ganhar porque tentávamos o "pontinho fora". Isso que naquele tempo jogava-se por dois pontos por vitória. E nem eram pontos corridos. Algumas vezes até chegávamos perto, chegando entre os primeiros na classificatória, mas perdendo nos mata-matas sempre. Só fomos conseguir o nosso primeiro título nacional depois de ver o nosso tradicional adversário ganhar dois campeonatos com um timaço que jogava por música e depois com um treinador, Ênio Andrade, que conseguiu ficar invicto no nacional de 1979. Ou seja, começamos a jogar futebol e não "jogo de campeonato".
Att.,
Carlos Alberto Bencke
Capitão Froner
Capitão Froner
Alberto