quarta-feira, 19 de junho de 2013

O protesto e os TUDÓLOGOS.

Os tudológos brasileiros estão em festa.
Aparecem em profusão.
Estão em todos lugares.
Muitos tudólogos estão tentando compreender os protesto.
David Coimbra diz isto na primeira frase de sua crônica.
"Tenho usado todos os meus escassos neurônios para compreender os protestos dos estudantes."
Um argumento curioso é propagandeado por alguns tudólogos.
David Coimbra exclama isto em seu texto:
"Com o que estão descontentes? Quais as razões dos protestos?
Aí complicou.
As manifestações foram desencadeadas devido ao preço das passagens dos ônibus e já desaguaram na corrupção, nos gastos com a Copa e nas deficiências de educação, saúde e custo de vida. Tudo que se sabe que está errado no Brasil.
Eles reclamam de tudo, pois. Um problema. Quem reclama de tudo, não ganha nada. O tudo é o mais próximo que existe do nada."
Os Corneteiros da Redenção não conhecem a obra do Schopenhauer.
Os corneteiros não entendem as obras produzidas por Gerald Thomas.
Os Corneteiros da Redenção leram 5% da quantidade de livros que os tudólogos leram.
OS Corneteiros da Redenção não entendem dos esquemas táticos explicados por Nando Gross.
Mas os Corneteiros da Redenção não estão confusos.
Percebi isto ouvindo a entrevista de um participante da passeata(que não era estudante) no Rio de Janeiro
"Eu sofro no ônibus.
Meu celuluar não tem sinal.Minha conta do telefone eu não entendo.
Meu IPTU dobrou de preço.
A minha fliha não tem professor na escola.
Não tem policiamento no meu bairro.....etc,etc...."
E o sujeito foi desfilando razões pelas quais estava protestando.
Juro.Na hora pensei nos tudólogos brasileiros.....

Opinião19/06/2013 | 05h13
David Coimbra: "Motivos para dizer não"
Tenho usado todos os meus escassos neurônios para compreender os protestos dos estudantes. Vamos lá. Penso melhor me questionando. Perguntando, por exemplo:
O que é líquido e indiscutível?
Resposta: que os protestos são legítimos.
Sim, são. Se as pessoas se sentem injustiçadas, têm de protestar. O que não significa, evidentemente, que estejam de fato sendo injustiçadas. Mas legítimos, são; disso não há quem discorde.
Outro ponto indiscutível: as pessoas estão descontentes. Óbvio, ou não protestariam.
Com o que estão descontentes? Quais as razões dos protestos?
Aí complicou.
As manifestações foram desencadeadas devido ao preço das passagens dos ônibus e já desaguaram na corrupção, nos gastos com a Copa e nas deficiências de educação, saúde e custo de vida. Tudo que se sabe que está errado no Brasil.
Eles reclamam de tudo, pois. Um problema. Quem reclama de tudo, não ganha nada. O tudo é o mais próximo que existe do nada.
Talvez encontre uma resposta se tomar as queixas pontualmente.
Vamos lá de novo.
Intriga que as manifestações começaram com questões de transporte e, logo em seguida, de saúde. Bem. Sabe-se que nunca tanta gente comprou carro, no Brasil, como nos últimos anos. Da mesma forma, nunca tanta gente adquiriu planos de saúde.
As ruas ficaram engarrafadas e os planos de saúde não conseguem mais atender a demanda. O que incomoda quem já tinha carro e plano de saúde, mas será que incomoda quem não tinha, a ponto de sair à rua para protestar? Duvido.
É um protesto de quem já tinha, portanto. O que não lhe rouba a legitimidade, nem a justiça. Quem tem pode protestar tanto quanto quem não tem.
E os gastos com a Copa? E os estádios que foram construídos em cidades de quase nenhum futebol, como Brasília e Manaus? Uma boa causa, mas por que ninguém protestou quando os estádios estavam sendo erguidos do chão? Agora o dinheiro já está gasto...
Há uma confusão de causas. Quais serão as consequências?
A corrupção não vai acabar por causa disso. Corrupção não acaba por deliberação política. Nem vão melhorar a educação ou a saúde. E a Copa do Mundo será realizada, decerto que sim.
O que vai acontecer, então?
O governo será atingido, isso é outro ponto indiscutível. O PT talvez perca votos e Dilma talvez não seja reeleita. O próximo presidente pode ser do PSDB ou do PP ou do PSTU, sabe-se lá.
Mas isso, realmente, não importa.
O que importa, nos protestos, não são suas causas difusas nem suas consequências vagas. O que importa, nos protestos, são os protestos.
Há 20 anos os jovens não protestavam. Há 20 anos, ajudaram a derrubar um presidente da República. Era uma causa bem identificável. De 20 anos para cá, a moeda se estabilizou, o desemprego diminuiu, dezenas de milhões ascenderam de classe social, os brasileiros elegeram um sociólogo, um operário e uma mulher.
Ainda há muita coisa errada? Sim! Mas isso não interessa. O que interessa é que o jovem de hoje saiu à rua e está participando de algo grandioso, algo que quebra a cabeça da polícia e picha a parede do palácio, algo que é contra, seja lá contra o que for. Não importa, o que importa é dizer não.
O jovem diz não e se orgulha de dizer não, mesmo que não saiba exatamente para o que está dizendo não. Daqui a 20 anos ele verá as fotos e os filmes dos movimentos de agora, e inflará o peito ao contar que estava lá.
– Eu estava lá. Eu disse não – dirá para seu filho.
E o filho dele vai admirá-lo e vai também sentir vontade de sair à rua e, por algum motivo, qualquer motivo, gritar: não!