Quando o réu não se ajuda
Por Lenio Luiz Streck
Os gremistas vimos (o vernáculo está correto, sim!) sofrendo, sofrendo, sofrendo. Na galeria das vítimas, poderíamos ser colocados no topo. Tudo tem dado errado. E quando não é assim, temos a arbitragem. Ou gol perdido debaixo da goleira. E quando o co-irmão vai mal, a IVI entra de sola, dramatizando a situação, o que faz com que, de imediato, pinte-se um quadro dantesco, obrigando a direção deles a buscar reforços, motivar, pressionar arbitragem, enfim, tudo acaba dando (mais) certo para “eles” do que para nós. Os vermelhos perdem uma partida... e está instalado o armagedom. Nós perdemos três, quatro e...tudo vai indo. Claro: a IVI – de forma neutral – diz: ah, o time do Inter, desse jeito, desce a ladeira; já o Grêmio, bem... tem uma excelente defesa, o melhor goleiro e blá, blá e blá. Resultado: os vermelhos arrumam o time, contratam, motivam (e disputam a Libertadores) e nós...vamos levando, fazendo negócios da “china” com o Flamengo, para quem devíamos (ou devemos) as calças.
É dureza, companheiros gremistas. O réu tem de se ajudar. Lembro-me de um julgamento na quinta câmara criminal, em que o réu era um sujeito que havia furtado de um supermercado e, por incrível que pareça, achava que, confessando o crime e pedindo perdão, poderia ser absolvido. Lembro-me que, como Procurador de Justiça, falei-lhe, no que fui seguido pelo relator: - isto aqui não é confessionário de Igreja; a prova não era grande coisa...mas com a confissão do réu, o que nós, aqui, podemos fazer? Se o próprio réu não se ajuda...”.
O Grêmio perdeu para o Cruzeiro. Um dos melhores – para mim, o melhor – em campo foi o volante Nilton. Deu pau em todo o time do Gremio. E nem levou amarelo. Do lado de Nestor Hein, falei: queria esse cara no meu time.
Pois não é que o Internacional foi buscar o Nilton? Pior: o Grêmio, que não sabe o que fazer com o Moreno, por que razão não tentou fazer o negocio Moreno-Nilton? Por que mandar para o Flamengo dois jogadores (ou três) – sim, sei que estamos devendo as contas do Rodrigo Mendes – e não tentar negociar jogadores que resolvam, como esse Nilton? Jogamos contra o time da Colombia. E tinha um meio-campista que joga muito. No dia seguinte deveríamos ter feito contato. E assim por diante. Neste momento temos o Cleber e o Moreno e nem sabemos o que fazer. Ninguém os quer? Não sei. Mas pelo menos nos contem. Deixem transparente para a torcida as razões pelas quais o outro lado se reforça e nós ficamos discutindo se é infração contratual colocar o Cleber para treinar separado...ou não.
Por tudo isso, penso que há, de fato, uma espécie de “conspiração” contra “nosotros”. Mas é uma conspiração que talvez nós mesmos tenhamos construído. Sem contar que, ao que tudo indica, entre Werley e Alan Ruiz, o Grêmio sempre gostou mais do primeiro (vamos discutir os últimos jogos do Brasileirão? Hein?). Pois é. Acho que o réu precisa se ajudar mais