A CURTA E MESMA HISTORIA
Sendo um espaço destinado à resistência, é natural que ele esteja cheio de fatos e questões mencionando o rival porque, justamente, a imprensa é vermelha e finge-se de isenta. Quando abordam qualquer assunto sobre o Grêmio, invariavelmente o fazem sob as luzes negras da desídia, da mentira, da distorção e afins, ao passo que, quando abordam o Binter, sempre estarão dourando a pílula, lançando-lhes um olhar cor-de-rosa ameno, delicado, meigo, doce e apaixonado. Claro que nessa reta final de série b não poderia ser diferente.
Uma verdade inafastável que nunca verás na IVI que, após o resultado de ontem, está mais IVII que nunca (leiam a última coluna para inteirarem-se da transformação de IVI em IVII), alguns fatos tais como: os jogadores não estão se falando, estão sem técnico a poucas rodadas da final, os salários estão em atraso há pelo menos três meses (e o silêncio é sepulcral sobre isso, sendo que, no mesmo período, já publicaram várias colunas sobre a folha do Grêmio)... E por que esse silêncio tão eloquente?
Vamos um pouco além. Há uma festa que eles vêm adiando há algumas rodadas: a tal subida à série A. Por várias rodadas eles vêem as celebrações serem adiadas porque foram golpeados pela dura realidade. A probabilidade deles ganharem a Série A, de ficaram em quinto lugar e ficarem na B e, da mesma maneira, o hoje quinto colocado subir no final do campeonato é matemática e rigorosamente a mesma. Alguém acaso viu alguma linha sobre isso na nossa Espetacular Imprensa Vermelha Isenta hoje Inconsolável? E isso já era assim antes do início da rodada que viu, novamente, as lamentáveis cenas no aterro, de enfrentamento com a Brigada, de gradis voadores e vidros que se auto-estilhaçam. Dezenas de marginais participaram da balbúrdia. Um detido apenas. Onde andam as reportagens indignadas com a torcida daquele time? Onde andam as providências que o Ministério Público sabe tomar na calada da noite quando o time é outro? Ah, pois é...
Retrocedamos um pouco, todavia. Falemos do clima de festa que se instalou desde ontem nos pagos. A província vermelha engalanou-se toda. Desfraldou seus lábaros, pôs-se satisfeita a eructar sandices. Gabardine Rota, o mesmo que publicou salários tricolores e falou da pressão na folha mas se calou sobre o atraso no salário vermelho, publicou saudações à ascensão. Lacerda postou tuíte antes do jogo dizendo pronto para comemorar a volta, saudando como “os que têm estádio”. Diogo Pipoca, o que gosta da rima, fez coluna laudatória dizendo que era dia de aparecerem no JN. Zini GluGlu, a seu turno, fez coluna dizendo que era hora de celebrar e que o troféu da B merecia lugar nobre. Por fim, Carpinejar Frustrado (aquele cujo assessor, Voltaire, postou uma localização dizendo ser a da casa do dono do drone e sabemos o resto), na certa cansando do hotéis que o RW indicou-lhe durante o ano, veio com texto pseudo-filosófico mas laudatório a não mais poder... Potter, em texto patético, agradeceu aos tricolores pelas dicas (a soberba não os larga). E por aí foi o dia, todos comemorando vaga na A sendo que passaram o ano inteiro sem pronunciar B.
Então veio o jogo, o empate (que deveria ter sido vitória do Vila Nova, diga-se, mas não falaremos de arbitragem) e a realidade deu-lhes na cara. O tom baixou um pouco – mas não muito -, o desespero bate-lhes no ombro e a possibilidade de um fiasco ainda maior é real. Que beleza! E vieram os textos-desespero. Gabardo veio com a idéia da ˜Batalha de Bariri”. Mas ué? Não era “acesso fácil”, “sobe naturalmente”, “15 pontos de vantagem”, “7 rodadas de antecedência”? Agora haverá “batalha épica”? Para Gabardo, o inter “se atrapalhou˜. Como? Foram incompetentes, tiveram, diversas vezes, que ser auxiliados pelo apito amigo e contar com os erros de arbitragem e o inBer “atrapalhou-se”? Como diz o célebre Adriano, “vocês ainda vão se atrapalhar muito esse ano”.
Quando lemos o título da coluna do Pipoca (confessamos que não perdemos tempo lendo-a), sinceramente, assaltou-nos a dúvida. Quando vimos a briga na torcida, entendi, finalmente! Realmente passaram no JN! Mas, cá entre nós, pelo jeito que os jornalistas da IVI tratam àquela torcida, não me espantaria ver uma manchete dizendo que não foi um abriga, mas, sim, torcida de anjos desejando paz e luz a Guto Griffin, que ora entre no longo rol de ex-treinadores ainda na folha. Quem disser outra coisa não é evoluído e está grenalizando.
A conclusão irretorquível disso tudo: mais curta que a memória colorada( incluindo aí a IVI) é a sua história. E eles ainda nos darão inúmeras alegrias esse ano. Várias previsões (Dona Emerenciana, pitonisa de Bagé; Dona Ercília, Profetisa de Candiota; Delfos, estagiário grego e oráculo do Hospício Tricolor) já nos asseguram: eles ficarão em quinto. E assim caminhará a humanidade.