Quando vejo os altos salários pagos
aos jogadores e o que isso representa para Grêmio e Inter, fico pensando se o
Tribunal de Contas fiscalizasse os clubes... Ou tivesse acionistas... Mas,
aqui, quero falar especialmente do Grêmio (embora, com uma folha que, segundo
importante radialista, beira aos R$ 18 mi, o Inter possa “alcançar” o “sucesso”
das contas tricolores no futuro).
Imaginemos só três jogadores: Moreno,
Kleber e Barcos. Se os três cumprissem
seus contratos e o Grêmio não fosse pedir penico para outros clubes a conta
ficaria assim: Kleber = R$ 36 mi; Barcos = R$ 35,2; Moreno = R$ 32,7. Total do
pacotão: R$ 103, 9 mi, sem
correção monetária (incluindo os valores pagos pelas suas aquisições). Ressalte-se que neste valor não estão
incluídos os valores dos passes dos jogadores que o Grêmio mandou para o
Palmeiras. Se colocarmos por baixo R$ 10 mi, são R$ 113,9. Observação: o Vasco
pagou R$ 1,8 mi (Kleber) e o Flamengo e o Cruzeiro pagaram R$ 4,8 mi para
Moreno, poupando o Grêmio em R$ 6,6 mi. De todo modo, tirando o que restou do
contrato do Barcos e Moreno e considerando pagar todo o resto para Kleber, o
Grêmio gastou R$ 73,9 milhões só com esses três.
Mas, continuemos. Vamos computar valores pagos a jogadores que
quase não jogaram nada, com raras exceções:
Gabriel Chinelinho: R$ 9 mi. Passou o
tempo todo no DM. Fernandinho: É o exemplo de como não se faz
negócios: 2,5 milhões de euros, mais contrato de 36 meses por 350 mil/mês.
Pagou R$ 8,5 (direito federativo). Salários: R$ 1,8 mi. Teria que pagar R$ 10,5
até o final do contrato. Por enquanto está sendo "absorvido" pelo
time italiano. Mas vai voltar. Ah, vai. Ruim volta sempre.
Em 2015 o Grêmio
gastará mais de R$ 12 mi com Edinho, Adriano e Kleber treinando em separado. Zé
Roberto e Elano: R$ 24 mi.; Gilberto Silva: R$ 7,2 mi; a mala do André Santos: R$
3,6 mi; o grande Cris: R$ 2,4 mi; Dida: R$ 2,4 mi; Wellington e Willian (que
espetáculo esses, não?): R$ 5,7 mi; Vargas: R$ 7,2 mi; Mathias Rodrigues: R$ 1,8
mi; e o Grêmio ainda deve para Fábio Aurélio cerca de R$ 7,2 mi. A soma chega a
R$ 169,7 mi (incluído os gastos efetivos com o trio K+B+M).
O
que o Grêmio ganhou com esse gasto? Está certo que se erre com alguns jogadores,
mas com tantos... E com custo tão alto. Ainda nesses dias entregamos ao
Flamengo o Bressan, um Biteco e o Pará (para pagar rescisões feitas há tempos atrás). Sem contar os fiascos
negativos, como a não contratação de Guinazu, multicampeão pelo Inter, que
esteve com um pé no Grêmio e...dizem que não houve acerto. E uns menos votados
ficaram de fora dessa conta (quem me ajudou na conta foi o Ricardo Wortman-RW).
E
ainda se diz que a Arena pode quebrar o Grêmio. Pois é. Com esse tipo de
negócios, qualquer clube se quebra solito. Mas esse é um problema estrutural do
futebol brasileiro. O Grêmio não está só! Quase todos os grandes clubes gastam
assim. Mal. Se eu fosse acionista, pediria para ver, antes de cada contratação,
o contrato. E o curriculum do jogador. Resultado de tudo isso: queimação dos
jogadores da base. O fracasso exige pressa. E os treinos e jogos viram
peneiras. Não deu certo nos primeiros minutos...está torrado. E pensar que o
Grêmio arrecadará, em 2015, R$ 169 mi, mais a venda de atletas. E arrecadou
mais que isso em 2014 e 2013. Portanto, espero que a diminuição da folha e um
novo olhar em termos de gestão tragam esperança aos gremistas. Porque, em
termos de negócios, somos quase “Pasadena”. Só teve um negócio pior que o do
Kleber: quando, na pré-historia, trocaram um bisão por ... um cacho de bananas.
PS – esta coluna é em
homenagem ao Dr. Cesar Pacheco, novo Diretor de Futebol do Grêmio. Aposto nele.
Coisas como essas não mais acontecerão. Ele sabe a diferença