sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Alexandre Aguiar,Paulo Germano e os RATOS.

Alexandre Aguiar
1 h · Porto Alegre · 
OS RATOS
Não há democracia sem liberdade de imprensa. Não há sociedade avançada sem livre expressão do pensamento e de opinião. São direitos naturais do homem. Liberdades, entretanto, carregam responsabilidades e uma delas é o respeito. Confesso que muitas vezes tive irritação ao ler o jornal e me deparar com matérias sobre escândalos de corrupção, crimes hediondos e também críticas ao meu clube de futebol, mas o que senti ao me deparar com a coluna do jornalista Paulo Germano intitulada “Implodam o Olímpico” (Zero Hora - 9/2/2017) foi diferente. O texto machucou!
Legítima e correta a crítica do estado de abandono do Estádio Olímpico, consequência do prolongado imbróglio sobre a compra da gestão da Arena e as dificuldades financeiras do Grêmio que impedem sustentar o pagamento por dois estádios. Preocupante a situação dos moradores da vizinhança que enfrentam problemas sanitários e de segurança. O mérito da coluna não está em discussão. É procedente a um simples olhar desapegado de paixões e que preze pelo bom senso e o espírito de prevalência de comunidade sobre interesses particulares. O que me machucou foi a forma. Uma escolha de palavras tão deprimente como o abandono do estádio denunciado.
“Nunca fez tanto sentido a troça dos colorados que chamavam o Olímpico de chiqueirão. Só que agora tem rato”.
Não é preciso ser um mago da interpretação de textos para entender que se "hoje nunca fez tanto sentido chamar o Olímpico de “chiqueirão” é porque antes já fazia sentido. Só não havia ratos.
Foi no Estádio Olímpico que dei os meus primeiros passos como gremista nos anos 70, criança de quase de colo, acompanhando os treinos à tarde com meu avô. Foi no Olímpico que gastei todo meu primeiro parco salário da vida, aos 16 anos, recebido da mesma RBS em que hoje atua o jornalista, para colocar o nome do meu avô falecido três anos antes em azulejo que está na entrada do antigo Quadro Social. Até hoje! Foi no Olímpico que tive algumas das maiores alegrias da vida e cultivei amizades que persistem por décadas.
Não, o Olímpico não era um chiqueiro, Germano! Era a minha segunda casa!
Quando ao introduzir um componente de rivalidade Grenal e, pior, ofensivo, o justo mérito da argumentação se esvaiu na desnecessária “troça”. Agrediu a memória afetiva de número incontável de pessoas que, nas cadeiras e arquibancadas do Estádio Olímpico, possuem alguma de suas melhores recordações, com pessoas que seguem conosco ou já se foram. Atentou contra o patrimônio imaterial do clube que é a sua história, vivida naquela casa por mais de meio século.
Machucou! Machucou muito, Germano!
Em conversa telefônica na manhã da publicação, o jornalista me disse: “eu sou tão gremista quanto tu”.
Lamento, Paulo Germano, tu não és!
Eu jamais teria escrito o que li!
Alexandre Aguiar
Conselheiro do Grêmio 
Sócio do Grêmio desde 13/6/1975
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