sábado, 16 de agosto de 2014

Xico Sá e a Várzea


Só a Várzea salva
agosto 16, 2014
protesto barueri
Da FOLHA
Por XICO SÁ
No atual estágio de pane, não há motivo algum para as separações de divisões por letrinhas, A, B, C, D
Amigo torcedor, amigo secador, é preciso abolir, imediatamente, as divisões do futebol brasileiro. Não faz mais sentido.
É tudo uma grande várzea. Sem a vantagem da várzea, onde ainda, apesar dos pesares, prevalece um certo romantismo, a republicaníssima cerveja e um churrasco à guisa de gentileza na brasa para o time da casa e, principalmente, para o adversário.
No atual estágio de pane, caríssimo Fernando Calazans, não há motivo algum para as separações por letrinhas, A, B, C, D. É tudo uma grande várzea. Como naquela velha moral de campeonatos gigantes com uma centena de agremiações; onde a Arena (o partido da ditadura) vai mal, um time no Nacional.
Por isso me espanta parte da imprensa e da torcida paranoica e conspiratória estranhando as “zebras”da última quarta-feira. Talvez os resultados tenham sido elásticos, mas zero zebra, senhores. Só vida normal futebol clube.
E se tem uma coisa boa na decadência do tal do verdadeiro e fictício futebol brasileiro é ver a tal da “elite” ludopédica no chinelo.
Que orgasmo.
E, pasme, inventando mil desculpas para derrotas inquestionáveis como os nocautes impostos pelo Mecão de Natal, a Linguiça Atômica de Bragança e pelo vovô Ceará, o melhor time do país no momento.
Que superquarta-feira genial. Naquela noite morreu, além da ideia de zebra, outra ilusão; a de que temos uma, haja aspas, elite clubística, esse vago conceito que só serve hoje em dia para a cartolagem tomar mais dinheiro ainda ou para separar, comercialmente, os times no pacote de vendas da televisão.
Como sou viciado nas partidas de todas as divisões nacionais, vos digo, com a desautoridade moral de sempre, da Série A para a C, é como naquela música cantada pelo rei do ritmo, Jackson do Pandeiro, sobre as controvérsias entre os gêneros masculino e feminino; “Se for reparar direito, tem pouquinha diferença”.
Diferençazinha de nada, com todo respeito a times que tentam fazer bonito, casos do Cruzeiro e do Ceará, por exemplo, dois que mantêm uma história estrutural de mais de uma temporada.
Profissas, mirem-se no exemplo.
E viva a várzea. Talvez esteja aí nossa ideia de renascença