O SINPOF e o mitologia do futebol (e da melancia com leite)
Em vários Estados do Brasil até hoje a malta não mistura melancia ou manga com leite. Faz mal. Por quê? Porque faz. Porque sim. Como convencer alguém de que isso é um mito? Ou: como convencer a alguém que um mito é só um mito? Ora, um mito só é mito para quem não sabe que é mito. Para quem sabe, mito não é. O mito da proibição da mistura de frutas e leite vem dos tempos da escravidão, para evitar que os escravos pegassem as frutas, já que bebiam leite pela manhã. Quando morreu um escravo, foi construído o mito: morreu porque comeu manga ou melancia depois de tomar leite.
No futebol também se constroem mitos. Que ficam sem que ninguém os conteste. O mito do pontinho fora ou “como é bom empatar fora de casa” é um mito pernicioso. Existe pela razão de que existe. Porque sim.
Agora mesmo o Presidente do Grêmio foi tomado pelo mito do pontinho fora. Textualmente, disse que assinaria embaixo se o Gre-Nal dado como empate. Como assim, Presidente? Melancia com leite não faz. Alguém inventou isso. O SINPOF é uma mitologia. Sempre deu errado. Coisa do treinador-trabalhador. Coisa de quem se contenta com pouco. O Grêmio tem time melhor. Está em melhor fase. Está com possibilidade de ser vice-campeão. Pode ganhar mais dois milhões. Como assim, um pontinho fora é bom?
Se não fosse pelo momento (Grêmio está melhor e, portanto, tem obrigação de jogar para ganhar e aniquilar o adversário), poderia elencar um argumento matemático-utilitarista para mostrar que o PF é um mito. Até as pedras sabem que uma vitória é igual a três empates. Binguíssimo. Não é necessário estudar matemática para saber disso. Uma vitória e já se tem o correspondente às três-coisas-que-gente-como-o-treinador-trabalhador-mais-gosta: três empates. Uma vitória e se pode correr atrás de mais duas. Um eventual empate é contingencial. Ou seja: é possível empatar quando se está buscando a vitória; mas é feio empatar quando se joga só para não perder. Simples assim. Quantos títulos já se perderam assim? Bingo de novo.
Portanto, nada justifica o Grêmio se contentar com um empate no Gre-Nal. Nada. Golpe de misericórdia. É o que deve ser dado