Embalado pela massa uruguaia, fui à Arena do Grêmio para assistir à melhor partida da Copa América. Uruguai e Japão mostraram como duas escolas distintas podem praticar um bom futebol, independente do cenário em que estão inseridas.
A Celeste fez uma partida de muita entrega e intensidade, buscando a vitória desde o início da peleja. Mas sofreu com a falta de controle no meio campo, o que possibilitou o crescimento japonês em campo.
Foi nítida a falta de qualidade na saída de jogo uruguaio. Os volantes Bentancur e Torreira não conseguiram ditar o ritmo de jogo, fazendo com que a equipe sofresse para controlar as ações de campo. Pelas pontas, Lodeiro e Nández oscilaram e não foram o escape necessário para o desafogo na transição ofensiva.
A ausência de criação fez com que Cavani fosse um dos destaques da partida. Fugindo do padrão PSG, onde atua com um centroavante fixo, ele representou liderança criativa do Uruguai. O camisa 21, além de estar presente na área, saía de sua zona de conforto para armar e construir as jogadas usando sua polivalência técnica.
Suarez é outro que merece aplausos. Atacante de muita mobilidade, intensidade e entrega. Aparece em todas as partes do gramado. Para quem está acostumado a assistir a pobreza técnica dos atacantes brasileiros, a atuação da dupla foi um delírio.
Por outro lado, o Japão é a prova que o futebol pode ser praticado e desenvolvido sem necessariamente um leque de boas peças ou com jogadores brilhantes. A equipe foi organizada com muita disciplina tática; quando contra-atacavam, os japoneses eram muito perigosos na transição, com triangulações bem trabalhadas. Isso dificultou em muitos momentos a marcação sul-americana.
Em meio aos grandes jogadores uruguaios, Miyoshi, autor de dois gols, recebeu o prêmio de melhor jogador da partida. Que momento.
Fugindo de todos pragmatismos e burocracias que estamos acostumados (as) no futebol, as seleções não tiveram medo e jogaram em busca do gol, em busca da vitória, na Arena. Apesar do empate em campo, a torcida que foi ao estádio saiu vitoriosa com o que assistiu.
Leonardo Radaelli - jornalista e cineasta apaixonado pelo Grêmio