segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Efeito Mequinho

Enviado  por Ricardo A.
Colaborador do blog conhecido como corneteiro da Papoula
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O Grêmio e o Efeito Mequinho.
Henrique Melnick, o Mequinho, é o melhor enxadrista brasileiro surgido até hoje. Campeão Nacional aos 13 anos, tornou-se Grande Mestre Internacional aos 20. Nos anos 70, foi sensação mundial ao enfrentar de igual para igual os melhores enxadristas da época, mesmo com menos recursos e muito menos idade. Mequinho era o Brasil que dá certo! Tinha tudo para tornar-se lenda.
Foi então que, no auge de sua ascensão, aos 25 anos, quando era o 3º colocado no ranking mundial, desenvolveu uma doença que o impediu de jogar xadrez. Vou repetir: desenvolveu uma doença que o impediu de jogar xadrez. Qual a probabilidade de uma pessoa desenvolver uma doença que impeça de jogar xadrez? E qual a probabilidade de essa pessoa ser um gênio, com potencial incalculável, sobre quem recaem as melhores expectativas de uma nação?
A isso, chamo de “Efeito Mequinho”: as mais altas expectativas frustradas por um evento com probabilidades ínfimas de ocorrer.
Aconteceu com João do Pulo. Aconteceu com Ayrton Senna. E aconteceu com o Grêmio. Por 3 vezes.  Nos anos 2000, o clube firmou uma parceria com a gigante do marketing internacional ISL. Uma empresa Suíça, associada à FIFA, à IAAF e ao COI, sólida como uma rocha, despejando caminhões de dólares no clube, para transformá-lo em uma marca mundial!  Agora vai! Mas eis que surge o fenômeno do “Efeito Mequinho”. Não é que a gigante faliu e deixou o Grêmio com contratos milionários por cumprir?
Quase ao mesmo tempo, surge nas categorias de base o jogador mais talentoso e habilidoso já visto por esses pagos, depois de Pelé, é claro. Ah, agora vai! Ele joga um pouco por aqui, ganha vários títulos, e o vendemos para a Europa, cobrando seu peso em Ouro! Só que não. Efeito Mequinho! A legislação muda, o Grêmio come mosca, e o cara vai para a Europa de graça.
Quando nos recuperamos desses baques, surge a Copa do Mundo no Brasil, e com ela a oportunidade de construirmos uma Arena nova, em parceria com uma das maiores construtoras do País. Um estádio no melhor padrão UEFA, com investimento de centenas de milhões de Reais, que revigora e redesenha uma área carente da cidade (qual governante não sonha com isso?), e com potencial de ser uma fonte quase inesgotável de recursos financeiros por muitos e muitos anos! Agora vai! Estamos pavimentando o caminho para sermos o maior clube das Américas! Pimba! Efeito Mequinho! A construtora inquebrável faliu!
Claro, os Efeitos Mequinho que acometeram o Grêmio poderiam ter sido minimizados, com um pouco mais de “cautela” (pra deixar barato) por parte dos dirigentes, principalmente no momento de assinar contratos. Mas é inegável que acontecimentos externos, de probabilidades ínfimas de ocorrer, foram os principais causadores das frustrações às expectativas tricolores.
Mas o Grêmio é forte. Assim como Mequinho. Hoje, aos 64 anos, o gaúcho de Santa Cruz do Sul vem recuperando-se da doença que chegou a desenganá-lo. Voltou, dentro de suas limitações e capacidades, ao xadrez de alto nível.  Espera-se que o Grêmio, nesta quarta-feira, também consiga superar seus obstáculos, retome seu caminho de vitórias, e dê um xeque-mate no Efeito Mequinho que insiste em atrapalhá-lo.