Djalma Santos ainda teve tempo de colocar uma faixa de campeão. Foi campeão paranaense pelo Atlético (PR) em 1970.;
João Severiano foi um ícone do Grêmio.
No dia 21 de janeiro de 1971 Djalma Santos aos 42 anos largou o futebol.E neste mesmo dia João Severiano jogou sua última partida com a camiseta do Grêmio.
Esta foi uma partida histórica entre os 2 clubes.
Quem dirigiu o Grêmio foi Oto Glória.Técnico da grande seleção portuguesa de 1966,
Não lembrava deste jogo histórico.Esta é mais uma contribuição do historiador Daison Santana.
ATLÉTICO/PR 0 X 0 GRÊMIO
Competição: Amistoso Interestadual - 1º jogo
Data: quinta-feira, 21/janeiro/1971
Horário: 21 horas
Local: Estádio Durival Britto e Silva (Vila Capanema), Curitiba (PR)
Árbitro: Valdemar Antônio de Oliveira
Renda: Cr$ 23 220,00
Público: 5 000
Atlético: Joãozinho (Rubens); Djalma Santos (Zé Carlos), Ary, Antoninho e Amauri; Sérgio Lopes e Valtinho; Valdir (Liminha), Sicupira (Serginho), Valmor (Lori) e Mazolinha; Técnico:
Grêmio: Jair; Espinosa, Ari Ercílio, Beto e Everaldo; Jadir e Gaspar; Flecha, Caio (Paraguaio), Bebeto (João Alberto) e Loivo (Joãozinho - 2ºT); Técnico: Oto Glória
**Revista Placar nº 46 - p. 31 - Obs.: 1) Djalma Santos despediu-se do futebol — como jogador — nesta partida, aos 42 anos de idade. 2) A partida foi encerrada aos 26 minutos do segundo tempo porque queimaram dois transformadores, apagando os refletores do estádio.
**Diário do Paraná (Curitiba): Djalma Santos deu um "Show" no seu adeus
Djalma Santos jogou 45 minutos, ontem à noite, realizou uma excepcional exibição, culminando com uma bicicleta nos instantes finais do primeiro período, recebeu muitas homenagens, tirou as chuteiras e deu a volta olímpica. Foi uma bela festa no adeus do bicampeão Djalma Santos. A partida terminou aos 26 minutos do segundo tempo por deficiência no sistema de iluminação e acabou com o placar de 0x0 entre Atlético Paranaense e Grêmio Porto Alegrense.
**Foto: ADEUS DJALMA — Djalma Santos tirou a chuteira do pé esquerdo e depois a do pé direito. Foi o adeus do grande craque bicampeão do mundo que despediu-se ontem do futebol.
**Diário do Paraná - 2º Caderno - p. 5: DJALMA DEU UM "SHOW" NA DESPEDIDA
Uma bicicleta feita com perfeição na lateral direita, aos 43 minutos do primeiro tempo do jôgo entre o Atlético Paranaense e o Grêmio Porto Alegrense, foi o lance derradeiro do bicampeão mundial Djalma Santos, de 42 anos, que ontem à noite fêz sua última partida como jogador de futebol, arrancando os aplausos de uma torcida entusiasta que a cada momento gritava seu nome. Djalma jogou apenas o primeiro tempo, tocando na bola por dezenove vêzes, uma delas na cobrança de um lateral, quando a arremessou para a área adversária — quase um escanteio com a mão — num lance que caracterizou todo o ímpeto de sua carreira esportiva.
— Obrigado, muito obrigado! — dizia o fabuloso futebolista, emocionado, a cada homenagem que recebia no intervalo do jôgo, rosto molhado de suor e água, olhos vermelhos contendo o chôro.
Às 22h35min, êle arrancou as chuteiras, primeiro a esquerda, e empunhando-as no ar, deu a volta olímpica no estádio, sob o espoucar de foguetes, aplausos da torcida e ao som das valsa do adeus. Era o último jôgo de um dos deuses da bola que assombrou o mundo em duas Copas.
JÔGO
Atlético e Grêmio jogaram 71 minutos apenas porque estourou um transformador do estádio "Durival Britto" e empataram por 0x0. Foi um ótimo jôgo, movimentado e que agradou ao público que deixou Cr$ 23.220,00 nas bilheterias.
**Foto 1: CAMPEÕES MUNDIAIS — Djalma Santos e Everaldo, dois campeões mundiais pelo Brasil, na festa de ontem.
**Foto 2: A ESPERA DO LORD — Djalma Santos espera Loivo arrancar para roubar-lhe a bola. Djalma fêz uma grande partida na sua despedida.
**Coluna de CARNEIRO NETO:
Ontem foi um dia muito importante para todos nós que vivemos no futebol: Djalma Santos, o grande Djalma, abandonou as chuteiras e vestiu pela última vez a jaqueta do Atlético. Com 42 anos de idade, 22 dedicados ao futebol, Djalma despediu-se dos gramados dando os últimos chutes na bola que êle tão bem soube tratar em canchas de todo o mundo. Djalma Santos encheu os olhos das platéias que lotaram diversas vêzes o Maracanã, o Pacaembu, o Mineirão, Wembley, Rasunda, Azteca, Santiago Bernabéu, Nacional do Chile, San Siro e, finalmente, o modesto estádio "Orlando Mattos" em Paranaguá, onde o maior zagueiro direito de todos os tempos conquistou seu último título: campeão pelo Atlético.
Quem viu Djalma "acabando" com o ponteiro esquerdo da Suécia na decisão de 58, quem viu Djalma dando um "show" no extrema tcheco na finalísssima de 62 ou viu Djalma fazendo emabaixadas pela Portuguesa e pelo Palmeiras durante 22 anos, não se conformava, ou melhor, não acreditava quando via o grande craque vestido com a camisa 2 do Atlético, correndo como se fôsse um principiante na Baixada.
Djalma formou com Bellini, Orlando e Nílton Santos a maior zaga do mundo e com Bellini, Charrão e Nilo, uma das melhores zagas que o Paraná já viu. Djalma ajudou o Atlético a realizar boa campanha no Robertão de 68, colaborou com o Atlético durante a grande crise financeira de 69 e vestiu com orgulho a faixa de campeão em 70.
Ontem, Djalma deu uma verdadeira aula de futebol. Pena que os dirigentes do Atlético não souberam promover o espetáculo, pois apenas cinco mil pessoas viram o último "show" do grande bicampeão. Êle entrou em campo disposto a fazer tudo com a bola. Seu primeiro lance: cortou uma investida de Loivo, recebendo aplausos, aos três minutos. Aos 40 minutos num último lampejo, atravessou o campo inteiro com a bola nos pés, dando um passe em profundidade que quase resultou em gol. Mas o derradeiro toque de bola do mestre foi uma bicicleta aos 43 minutos, na lateral direita, mostrando que aos 42 anos de idade, depois de cem partidas pela seleção brasileira, seu gás ainda não acabara, apesar de tudo.
Ernâni Matarazzo, diretor que representou o Palmeiras na despedida, de Djalma, declarou emocionado: "Você deu a maior alegria da minha vida: o campeonato paulista de 66". Rubens Passerino Moura, presidente do Atlético: "Há poucos homens como você". Cláudio Amantini, presidente do Noroeste de Bauru que entregou um belo troféu: "Vim de táxi aéreo até aqui para esta homenagem". Depois de um ótimo primeiro tempo, de muitas homenagens, Djalma entrou suado, olhos cheios d'água, no túnel e não voltou mais ao gramado.
Djalma Santos merece o reconhecimento de todo o povo brasileiro por tudo o que fez pelo nosso país e deve ser respeitado como um dos melhores futebolistas que o mundo já conheceu. Djalma ajudou muito o futebol paranaense, tanto no aspecto técnico como na parte promocional. Humildemente, Djalma, muito obrigado por tudo o que você fez pelo nosso futebol.