Beira-Rio avançará sobre calçada e pedestres passarão por
baixo da cobertura
Rodrigo Müzell/Agência RBS
Avenida Padre Cacique, em Porto Alegre, terá um recuo em frente ao estádio do Inter
A alguns metros do chão, estrutura de metal vai invadir o
perímetro da avenida
Foto: Rodrigo Müzell / Agência RBS
Paulo Germano
paulo.germano@zerohora.com.br
Não importa se você é gremista ou colorado: a partir do ano
que vem, ao caminhar pela calçada da Avenida Padre Cacique, em Porto Alegre,
qualquer pedestre estará dentro do complexo do Beira-Rio.
Em uma integração inédita da cidade com um estádio de
futebol, o passeio público passará embaixo da imponente cobertura da casa
colorada. Como não haverá nenhuma cerca ou parede separando o pátio do Inter da
rua, autoridades de trânsito revelam apreensão com riscos de atropelamentos.
Para o teto do estádio avançar sobre a calçada, a prefeitura
precisou alterar o projeto original de alargamento da Padre Cacique. O
engenheiro José Dallaqua, da CBJ Engenharia, empresa contratada pelo governo
municipal, explica que o traçado da avenida sofrerá um pequeno desvio em frente
ao Beira-Rio. Em um trecho de cerca de 200 metros, a via será recuada para
contornar a cobertura (veja no desenho abaixo).
Ao circular pela calçada coberta, com nove metros de
largura, os pedestres enxergarão de um lado as lojas e lancherias situadas ao
longo da fachada do estádio. Do outro, verão os pedestais de sustentação das
estruturas que compõem a cobertura. O pedestal mais próximo da Padre Cacique
ficará a apenas 1m30cm de distância do meio-fio. A previsão do Inter e da
prefeitura é de que até o final de dezembro o passeio público já esteja
liberado.
Diretor-presidente da Empresa Pública de Transporte e
Circulação (EPTC), Vanderlei Cappellari afirma que o órgão providenciará
estudos para avaliar a dimensão de riscos a pedestres. Afinal, não existirá no
estádio reformado uma área delimitada, com muros ou cercas, para os torcedores
se reunirem nos dias de jogos. A ideia é que a multidão transite no entorno do
Beira-Rio e na calçada como se tudo fosse a mesma área.
— O que nos preocupa é a possibilidade dos torcedores
invadirem com frequência a avenida. Se identificarmos problemas, vamos
solicitar ao proprietário (o Inter) medidas para melhorar a segurança. Se
constatarmos a necessidade de uma cerca, faremos esta demanda — adianta
Cappellari, lembrando que a lombada eletrônica retornará à Padre Cacique após o
alargamento da via, permitindo velocidade máxima de 40 km/h nas proximidades do
estádio.
A vice-presidente colorada Diana Oliveira, responsável pelas
obras, concorda que será necessária uma "conduta social" diferenciada
para sustentar essa proposta de integração entre o empreendimento e o espaço
público.
— Em princípio, não haverá demarcações entre o público e o
privado. Só que isso vai depender das experiências que surgirem. Teremos um
forte esquema de vigilância com câmeras. Mas, se o estádio sofrer ataques
frequentes, por exemplo, infelizmente vamos precisar de uma separação — pondera
Diana.