AS CATACUMBAS DA IVI: O SINPOF
Há alguns assuntos recorrentes na imprensa gaúcha esportiva e a esses “coringas” negativos eu chamo de “catacumbas da IVI”, aquele conjunto de assuntos e de idéias sem muito nexo ou limites, mas que os próceres da crônica ivista lançam mão todas as vezes que se encontram sem assunto ou, ainda, quando querem fazer exagerar uma agenda negativa anti-Grêmio. Extraem-se desse baú amaldiçoado algumas cantilenas muito conhecidas por nós: Arena e seus arredores, Olímpico, premiações ruins, gestão econômica e, talvez, o mais insidioso deles, a maldita campanha pelo pontinho fora que, de tão forte, ganhou um sindicato só seu: o sinpof, que tanto mal causou na história do clube e, após breve interregno em que o críamos sepultado (ou, pelo menos, contido), rompeu a lápide que puséramos sobre ele e voltou a arrastar-se pelas veredas e sendas da província, sendo, novamente, alçado à ribalta pelos estafilococos da imprensa esportiva gaúcha.
O Sindicato do Pontinho Fora é uma das melhores criações da Imprensa Vermelha Isenta e a noção do “jogar por uma bola”, “com o regulamento embaixo do braço”, “voltando vivo de lá com um empate providencial” já, sem sombra de dúvidas, foi ouvida por toda e qualquer pessoa que tenha, ainda que por meros quinze segundos, passado os olhos ou ouvido algum dos veículos da IVI, seja da Ipiranga, do Centro, do Morro ou da Orfanotrófio... Nós vamos logo adiantando e desculpem-nos a franqueza: aquele que defende o conceito do “voltar com um empate” como objetivo primeiro de qualquer time que vai jogar fora não só nada entende de futebol como, também, tem em si alma de perdedor. A noção de ir jogar por um empate é o embrião da derrota, o vestibular do fracasso, a covardia moral e demonstra um apequenamento no caráter que só quem pode apreciar e aplaudir são os adversários (que vêem seu trabalho facilitado pela postura acadelada) e pelos inimigos do clube. Entenderam a razão da IVI apreciar tanto essa política da pequenez?
Não se dedica essa coluna a examinar as questões internas do Grêmio ou mesmo a fazer a análise do futebol jogado ou a jogar. Eventualmente (como faremos daqui a umas quantas linhas), até fazemos isso para pontuar uma idéia ou ressaltar uma noção. O foco dessa coluna é combater a IVI, é desnudá-la e denunciá-la. Estamos aqui para congregar e não para dividir. E alguns assuntos interna corporis do Grêmio têm o dom de despertar a ira de gregos e troianos. Eis aí porque passamos ao largo de determinas polêmicas estéreis. Entretanto, para falar do SINPOF, teremos, forçosamente, que adentrar a floresta espinhosa de decisões táticas e políticas do Clube. Que Lupicínio ajude-nos e afaste de nosso caminho o Justino que nos espreita afoito para saltar, de inopino, balançando seu mindinho acusador.
Até Agosto, parecia um consenso que praticávamos o melhor futebol do Brasil. Essa coluna mesmo colocou-se diversas vezes contrária à prática de se abandonar o Brasileirão. Não precisávamos ter feito isso, ao contrário, salientamos diversas vezes. Disputávamos, concomitantemente, o Brasileiro, a Libertadores e a Copa do Brasil. No primeiro e no terceiro torneios aqui citados, fomos nossos maiores adversários. No primeiro deles, por tê-lo abandonado e essa noção arraigou-se sobremaneira nos cérebros dos jogadores. No terceiro, porque não soubemos aproveitar a superioridade técnica, o melhor elenco e por termos, em determinado momento, repristinado as idéias de antanho que jaziam sepultadas e, após acomodação em Porto Alegre, termos ido à capital mineira querendo segurar resultado.
O que mudou? Pensemos em 2016 e a reconquista da Copa do Brasil. O que fizemos de diferente? Não menciono elenco. E estou falando aqui antes da fila monstruosa do departamento médico nosso. Ano passado nós julgávamos morto o SINPOF. E nós ventilamos isso aqui, celebramos seu enterro. Ledo engano. O Sinpof é mais insidioso do que pensávamos. Voltemos, porém, à análise em si. O que nos fez conquistar a Copa do Brasil ano passado, além da crença que merecíamos, foi o espírito de luta e a idéia consistente de que a equipe tem de jogar, sempre, para ganhar, tem de lutar para conquistar a vitória fora de casa. Simples. Jogar pensando em empatar, com esquema fechado atrás, é o vestibular para a derrota simplesmente porque, ao tomar um gol, o time armado para segurar resultado e com aquilo focado e martelado em suas cabeças durante semanas antes dos jogos, não consegue reverter a adversidade até porque não foi tecnicamente preparado para isso. Noves fora que os próprios técnicos caem na própria armadilha tática e substituem pontualmente, mas não prepararam o time para reverter a retranca estúpida. Ah, discordam? É um direito que lhes assiste discordar, mas, ao nosso lado, temos os fatos e os resultados. Observem os jogos em que o Grêmio foi a campo buscando “preservar resultado”. O jogo com o Cruzeiro nas semi-finais da Copa do Brasil é um claro exemplo disso. Sim, sei dos pênaltis e coisa e tal; mas teríamos chegado a tanto se tivéssemos construído o resultado em noventa minutos? Ah, pois é...
Está provado que, por exemplo, na era dos pontos corridos – e em qualquer competição – o título vem naturalmente àquele que mais vitórias amealha fora de casa. 3 vitórias fazem tantos pontos quanto 9 empates. Simples a continha, não é? Só que são nove rodadas contra três... Olhem a margem de manobra que o time ganha. Comparem as escolhas do Corinthians e do Grêmio nesse brasileiro. Ainda assim, diante de alguns resultados recentes nossos, vimos o descrédito recrudescer no seio de nossas hostes e, fomentados pelos próceres da IVI, o SINPOF tomou força. Muitos gremistas têm dito que “fecham com um empate no Equador”. E dizem-nos com essas mesmas palavras, emulando, letra a letra, Pedro Legado, o muso do Salmão. Existe uma lógica simples: se é defendido pelos dinossauros do Sala de Babação, a idéia é ruim e perniciosa. Logo, merece apenas opróbrio.
Essa é uma das piores características do SINPOF: a sua aparente aceitabilidade no seio da torcida gremista. Há muitos gremistas insuspeitos que passaram a defender essa tese. Temos conhecidos próximos que, após aquela excrecência em campo na última quarta-feira, apressaram-se a dizer que “fecham com o empate”. No dia seguinte, no programa do SporTV, Diogo Pipoca era outro a defender isso, indo mais a fundo porém, declarando que o Grêmio não tinha condições de ganhar lá fora, que o empate seria o melhor dos resultados possíveis. Como assim? O Diogo Pipoca, que gosta da rima, estava extraindo outro expediente clássico das catacumbas da IVI: ao mesmo tempo que reforçava a idéia de empatar no Equador, queria nos convencer que temos um time frágil e fugidio, que deixaria escorrer o título entre nossos dedos. Até porque, não esqueçamos, a IVI tem um favorito: o River.
Assim, Srs., não se deixem contaminar. Nada de empate, nada de pontinho fora, nada de defenderem noções anímicas, antiquadas e defasadas que apenas a imprensa esportiva gaúcha, atrasada mil anos no tempo, defende. Lembrem que quem defende o empate, está sorvendo com volúpia do mesmo cálice dos isentos vermelhosda IVI. Qualquer um que conheça minimamente de futebol sabe que temos condições plena de vitória. Apliquemo-nos a isso, portanto.
Não queremos um empate contra o Barcelona do Equador. Queremos a vitória. Queremos que o nosso time vá a campo com os olhos na Taça. Que se entreguem e doem-se, mas que voltem com uma vitória para que, em Porto Alegre, no dia 1 de novembro, consolidem-na com outra vitória, levando-nos às finais. No entanto, se entrarmos em campo com a idéia de segurar um empate para decidirmos depois, será a crônica de uma morte anunciada(Garcia Marques há de nos permitir o paralelo) e, quando sucumbirmos diante da mentira de Angela Vicario – que todos sabíamos ser mentira – não adiantarão as recriminações e lamentos da Manaure gremista porque nada foi feito para impedir o crime.
E é por isso que estamos aqui gritando contra a insídia de deixar grassar essa noção néscia do ponto fora. Queremos a Copa e ganhá-la passa por quatro vitórias. E isso é tudo. Quiçá, com quatro vitórias, enterremos de vez o sinpof.