segunda-feira, 26 de março de 2018

MANUAL DE SOBREVIVÊNCIA DO TEXAS

Mario Antonio Nogueira-Tramandai -RS
A filosofia das ruas e dos botequins ensina há tempos que um pouco a gente leva a vida e outro tanto ela é quem leva a gente.
Por vicissitudes profissionais estive afastado do estado por um quarto de século e, por causa delas também, recentemente varei de novo a divisa estadual, só que, desta vez, no sentido norte-sul.
No dia a dia do trabalho além-Mampituba - pelo leste -, e no além-Uruguai - pelo oeste -, só ouvia reverberações e ecos da centenária rivalidade grenal da Província de São Pedro.
É preciso confessar que o choque do retorno foi colossal. 
Saí do Rio Grande e, ao voltar para as mesmíssimas latitudes, me vi surpreendentemente no ... Texas!
E só soube disso porque, numa ingênua tentativa de manter uma das minhas predileções de sempre, parei para ouvir uma entrevista com ‘o nomoteta’ RW e conheci seu inusitado hobby, a luta greco-romana contra uma criatura gigante e monstruosa tal Behemot e Leviatã, por ele batizada de IVI – Imprensa Vermelha Isenta.
Daquele momento em diante, a realidade se abriu. Entendi, de súbito, porque a grenalização, como emulação permanente entre dois clubes de futebol provincianos, fenômeno que os levou ao topo das competições interclubes do mundo e à construção de dois estádios de escala internacional numa cidade de um 1,5 milhão de habitantes, se transformou no grenalismo, transtorno de terríveis consequências decorrente daquela, ainda a ser estudado pela psicologia social.
Foi desse modo, que me vi no Texas, estado pertencente à República do Aipim, onde, de forma muito peculiar, se pratica o chamado esporte bretão compulsoriamente sujando os calções de barro e alçando bolas em direção à grande área, onde deve se ter obrigatoriamente um jogador de grande porte, parado, esperando que elas cheguem. E, caso a partida não seja no próprio campo, se tente, por meio deste atacante imoto, garantir aquilo que é propugnado peloSINPOF, o Sindicato do Pontinho Fora.
Aprendi que é necessário manter um estoque regular de Bardhal, para aguentar o tranco dos desvarios da IVI e um passaporte em dia, ou mesmo uma passagem rodoviária internacional, para as ocasiões em que o abalo provocado peloivismo passe de 7,0 na escala Wortmann.
O magnânimo RW também ensina aos gremistas de todas as querências mundo afora que a IVI não é formada apenas por vermelhos isentos, mas também por azuis fascinados pelo vermelho e que tem apoio dos vermelhos assumidos, distribuídos pelas quatro zonas da instituição: Ipiranga, Orfanotrófio, Morro e Centro.
Para facilitar meu próprio entendimento da complexidade da rede, apelidei os “azuis fascinados pelo vermelho” devioletas (azul + vermelho = violeta) e os vermelhos assumidos de inveterados, mantendo assim respeito pelo acrônimo original e, por ser colega de conselho profissional de RW, apenas agreguei a ele, nas minhas anotações pessoais, dois sinais de potenciação: IIVVI, onde se tenta registrar a escarlatíssima trindade - as três facções numa única IVI - da crônica esportiva do Texas: Imprensa Vermelha Isenta; Imprensa Violeta Isenta e Imprensa Vermelha Inveterada.
Um dos mais prestigiosos colaboradores e incentivadores do blog Corneta do RW, Prof. Lênio, cunhou a sigla CIA para apoiar o esforço taxonômico de RW, designando, assim, o braço especializado da IVI, os Comentaristas Isentos de Arbitragem.
A partir destas bases, que podem ser conferidas e ampliadas diretamente no endereço https://cornetadorw.blogspot.com.br/, chegamos às seguintes orientações elementares para sobrevivência no Texas:
  1.      Evite ouvir rádios do Texas. Nos dias de jogos do Imortal, não ouça nem a televisão. Sempre que possível, escute as transmissões da Rádio Grêmio ou apele para a internet e escolha rádios das cidades dos times visitantes; 
  2.      Fuja das proximidades de bancas de jornal em que se expõem exemplares e suas manchetes esportivas. Se quiser mesmo ler algo sobre o Imortal, recorra à página oficial do clube ou aos blogs de torcedores do tricolor avalizados pelo RW;
  3.      Programas de debates são expressamente vedados em função de sua virulência, peçonha e falta de educação entre os ‘jornalistas’ que, ainda que com frequência se chamem mutuamente de palhaços, mentirosos, loucos e burros, antes de cada grenal sempre apelam pela paz nos estádios;
  4.        Em hipótese alguma discuta na vida real – e na virtual, apenas em último caso – com texanos ortodoxos ou ‘jornalistas’ ex-Isentos a serviço do SCI, sob pena de ser obrigado a gastar dinheiro e tempo com ações judiciais;
  5.        Portais, páginas, blogs e quejandos de isentos vermelhos ou violetas, e vermelhos inveterados podem cegar... de raiva. Evite a qualquer custo;
  6.        Despreocupe-se quanto à sua capacidade cognitiva, interpretativa e de compreensão do futebol se, por desventura, ler, ver ou ouvir manifestações da IVI e texanos em geral e não conseguir compreender coisíssima nenhuma. O idioma e a lógica deles é outra;
  7.       Recorra sem hesitação e sempre que preciso ao acervo e aconselhamento do RW, por meio de suas várias formas de manifestação pública e, em especial, seja um dos colaboradores (tenho a grande satisfação de ser um dos “60”) do blog Corneta do RW.