sexta-feira, 17 de agosto de 2018

Coluna Flavio Guberman (Brasileirão)


A COPA DO BRASIL NÃO VEIO. VIRÁ O BRASILEIRÃO?

Passados alguns dias da nossa precoce – e injusta – eliminação da Copa do Brasil pelo Flamengo, já algo menos frustrado mas ainda indignado, resolvi fazer algo nesse espaço no qual me dedico, geralmente, à denúncia da IVI e de seus sátrapas: falar das perspectivas sobre o Grêmio na continuidade do Campeonato Brasileiro e, também, falar do jogo em si. Sei que é arriscado enveredar por tais sendas porquanto há alguns gremistas, em que pesem serem bem intencionados, que crêem não podermos tecer críticas ou discordar das opiniões deles. Como também há o risco da justinaria interpretar equivocadamente o que aqui disser, como se lhes estivesse endossando o amor que eles têm a ver terra arrasada em tudo. 
Nem uma coisa, nem outra. Aqui vou tão-somente expor algumas reflexões sobre a nossa saída da competição e sobre as duas competições nas quais ainda estamos vivos: a Libertadores e o Brasileirão, campeonato este que, já lhes vou adiantando a minha vontade, gostaria imensamente de ganhar, seja porque é uma disputa de imenso prestígio, seja porque já não o ganhamos há duas décadas. O Rio Grande do Sul, na era dos pontos corridos, foi o único estado futebolisticamente relevante que nunca ganhou o título do Brasileiro e o Grêmio, por conseguinte, o único clube grande do RS, tem de quebrar essa escrita o quanto antes.
Disse que a nossa eliminação da Copa do Brasil foi injusta. Sim, foi. E explico-lhes essa minha opinião: a derrota não passou pela arbitragem, por pior que ela tenha sido. E ela foi péssima. Houve o pênalti não marcado, houve incontáveis faltas não marcadas a nossa favor, houve faltas marcadas a favor do Flamengo em que se parou o jogo por mais de minuto e meio, houve o juiz picando o jogo, interrompendo-a a todo custo e a todo momento, houve marcação a menor de tempo de acréscimo no primeiro e no segundo tempos, houve marcação de 6 minutos de acréscimo e o juiz dando apenas quatro. Tudo isso houve. Inegável. Todavia, a derrota e a eliminação não passaram pelo apito pernóstico e caricato do árbitro caseiro escalado para a partida (e diversas pessoas haviam, durante a semana, advertido sobre isso). Elas passaram por duas falhas lamentáveis em dois jogos, pela incapacidade de acertarem o foco e de transformarem em golos a superioridade técnica e de posse de bola. Em outras palavras, pecamos na tática (ou na falta dela). Cabe, então, ao Renato e à comissão técnica acertarem isso. Trabalharem para que a pressão - que agora aumento exponencialmente sobre o grupo - não afete psicologicamente os jogadores e comprometa-os ainda mais. Demais disso, a continuidade e o sucesso na competição continental e no certame nacional passarão, ainda, pela revisão da titularidade de alguns jogadores que, indubitavelmente, têm de ser reavaliados, e pelo afastamento de outros que, sinceramente, não deveriam mais fardar. Por que não os nomeio? Para que as pessoas não confundam a intenção desse texto. Não quero aqui que confundam críticas construtivas com mera implicância ou com cornetas injustas. O texto não trata sobre desempenho de jogadores, mas sobre a postura do time como um todo e sobre posição institucional do Clube.
Em síntese, meus amigos, temos de mudar a atitude urgentemente para que sigamos na trilha da conquista de títulos e tenho certeza de que eles virão ainda esse ano no qual – não o esqueçamos – já conquistamos dois, um relevante, a Recopa, e outro menor, o Gauchão. Critico aqui o Grêmio porque o amo, porque me preocupo. Quando amamos e importamo-nos com alguém, evidentemente que aconselhamos, questionamos, alertamos e, dessa forma, é o mesmo que aqui faço: são idéias construtivas de quem tem o sangue azul-branco-e-preto nas veias. E qual o cerne, para quem ainda não entendeu, da questão? O Grêmio tem de valorizar e conquistar o Brasileirão. Não por causa da premiação (pequeníssima em relação à da Libertadores e à perdida na Copa do Brasil), mas porque é, sem dúvida, a competição nacional que dá mais exposição e vitrine, que é a principal do país e a qual não conquistamos há mais tempo. Admito: inclinei-me ao argumento de que não podíamos estar vivos nas três competições, embora com ele não concordasse. Só que se a teoria era que só podíamos focar em dois campeonatos, agora estamos na disputa justamente de dois. Por conseguinte, seguindo a mesma lógica que nos explicaram que era a estratégia do clube até então, temos de seguir com força total nessas duas.
Com a nossa saída da Copa do Brasil, liberaram-se quatro datas, quatro meios de semana em que nossos jogadores principais, quaisquer sejam os titulares, poderão descansar. Reforce-se o trabalho fisiológico de recuperação física e muscular, trabalhe-se o psicológico dos jogadores, vá-se às principais igrejas, templos e sinagogas do Rio Grande do Sul, pouco importa. O que nos parece relevante, incontornável, indiscutível e irredargüível é que não podemos mais pensar no Campeonato Brasileiro como dispensável. Não é aceitável mais deixar de lutar por ele, se é que, alguma vez, houve deliberadamente o planejamento de relegá-lo a segundo plano. 
Eu sempre defendi a luta aguerrida pelo Brasileiro. Não podemos dizer, em sã consciência, que ele seja desimportante e recuso-me a crer que algum gremista não o queira conquistar. Se, reitere-se, poupar era o mantra mais ouvido quando estávamos na tríplice disputa, hoje não mais. Ganhar a Libertadores é obrigação. Disputar e ganhar o brasileiro, com toda a sinceridade, é necessidade. E não venham acusar-me de quimérico ou hiperbólico. Estou falando com o coração tricolor, com a alma gaúcha copeira, com a vontade de torcedor que quer ver, sempre, o Grêmio forte, vencedor e empilhando títulos. E hão todos de convir que, desde 2016, acostumamo-nos com um padrão poucas vezes alcançado no Brasil. Notem, Srs., que temos, sim, peças para mantermo-nos vivos no Brasileiro e na Libertadores, sendo impensável e imponderável sacrificar a primeira competição em privilégio da segunda. Ambas são vencíveis. A bem da verdade, não teria sido necessário poupar desde o início. Aliás, eu defendi sempre, quando necessário, um rodízio de algumas peças, uma espécie de mistão mitigado (algumas vezes escrevi sobre isso). Olhem, por exemplo, os pontos perdidos contra o Paraná e o Botafogo, para ficarmos apenas em dois exemplos. Quanta falta nos fazem!
Por fim, registre-se que o que hoje escrevo não é crítica à direção, ao técnico ou aos jogadores. É uma constatação, simplesmente: a vida não traz de volta oportunidades desperdiçadas. Tanto quanto nós torcedores, os jogadores e os dirigentes querem os títulos. Que cada um faça a sua parte. Não se pode, pois, nem mesmo aventar-se a hipótese de se falar em “priorizar”. Não mais. 
  É isso, meus amigos. A Copa do Brasil não veio, infelizmente. O Brasileirão virá? Sim. Tem de vir. Temos de nos aplicar ao máximo para isso porque queremos gritar é campeão seja aqui, seja na América como um todo. Temos de reinar no Rio Grande do Sul, no Brasil, na América e no Planeta Terra.