Crítica da razão cínica do futebol: a IVI sabe o que faz e continua fazendo
Há um livro de um alemão chamado Peter Sloterdijk,
intitulado Crítica da Razão Cínica. Ele pega uma famosa frase de Marx “eles não
sabem o que fazem e fazem assim mesmo” e a redefine, dizendo “eles sabem o que
fazem e continuam fazendo a mesma coisa”. Pois assim é a IVI gauche. Eles agem
a partir de uma razão cínica. Sabem o que estão fazendo. E sabem muito bem.
Tanto é que não têm qualquer pudor. As manchetes utilizando a novilingua são
denunciadoras desse cinismo: quando o Grêmio perdeu para o São Paulo, isso
significou, na linguagem do cinismo, que o Grêmio corria o risco de sair do G4,
embora em terceiro lugar folgado. Já o Inter, por ter ganhado do Coritiba,
ganhou a novilinguada manchete de que havia cheiro de G4, mesmo que estivesse
muitos pontos atrás. Para ser mais simples: havia menos chance de o Grêmio sair
do G4 do que o Inter lá chegar. Mas na linguagem da IVI, na novilíngua, não
existem fatos; só existem interpretações dos fatos. E aí entra o cinismo: com
um niilismo nietzcheano, dão aos fatos a interpretação que querem.
A IVI é uma espécie de Midas da língua(gem). Se for
vermelho, tudo vira ouro; se for azul, bronze. Para a IVI, Douglas Costa é
apenas um jogador brasileiro; já o Fred é ex-colorado. Incrível. A IVI terá, no
futuro, uma placa reproduzindo uma gozação que se faz com os uruguaios dos
quais se diz que existe uma estátua com os seguintes dizeres: “Aquí están
enterrados diez valientes uruguayos asesinados por un cobarde brasileño”.
Binguíssimo!
Há limites para tudo. Deveria haver um mínimo de
racionalidade nas coberturas esportivas. Mas a IVI age por uma outra
racionalidade: a razão cínica. Por isso, nós, gremistas, temos de fazer a
devida crítica. Sim, uma Kritik der zynischen Vernunft (em alemão fica mais
sofisticado e crível) – Crítica da Razão Cínica.