sexta-feira, 24 de março de 2017

COLUNA DE FLAVIO GUBERMAN

ENTRE O TAS E O CAS, A IVI SE FAZ

                        O Rio Grande está agitado pelas informações certeiras de que o dia 04 de abril mudará o destino da turma do Menino-Deus. A situação é, no mínimo, constrangedora. Um determinado jornalista do Correio do Povo correu a publicar, em sua coluna, que haveria audiência marcada para o dia 04. Logo se seguiram os êmulos e as zêmulas de sempre e começaram os tuítes a disparar sobre isso. A audiência milagrosa que redimirá o vexame nos campos acontecerá e será uma divisora de águas. Diori Vermelho, Wianey Soneca, Pedro Legado, Leonardo Papoula, Zini Tottenham, Maurício Saraiva e Diogo Pipoca, só os filés da Zeagá, para usar as palavras do Gibran, apressaram-se, até mesmo, a fazer prognósticos e Justo Guerra foi mais longe, quiçá porque tenha grande afeto e interação com advogados, fez um amplo estudo “jurídico” (só espero que não o tenha salvo em PDF) e concluiu que a coisa estava encaminhada.

              O interessante, meus amigos, não é essa defesa constante e isenta das opiniões vermelhas, mas, sim, saber da onde partiu a informação dessa audiência mágica e por que os jornalistas isentos ouviram, até agora, apenas o jurídico do inter que os isentos repetem como se fossem Palavra do Senhor. Nós sabemos que a audiência acontecerá porque fizemos algo simples: fomos checar a informação junto ao TAS, ao Vitória e à CBF. Fizemos o que se espera que um jornalista faça. Eles não o fizeram. Quem repete tal e qual papagaio não pode ser considerado jornalista.  Por que será que nenhum dos zelosos jornalistas que urram e esturram de tão isentos, teve o cuidado elementar de ir buscar, junto às demais partes,  informação que tão açodadamente passaram a difundir?
               Entrementes, até mesmo uma imagem falsa da página, em que constava a tão propalada audiência, passou a circular e uns grandes isentos, aqueles mesmos que noticiaram o Cabrito, que comeram salmão na casa do trator, que se empanturraram de cacetinho opiáceo, que dormiram na hora do labor, que venderam o Impedidão, entre outros, eufóricos, reiteraram a viva-voz que a hora da redenção chegara. Tudo intoxicação informativa, manobra adrede preparada para seguirem iludindo a massa colorada em cujos ouvidos ainda ecoam as declarações do homem do facão, para quem os microfones da Gaúcha estavam sempre à disposição, garantindo à gurizada da Padre Cacique que não cairiam. A Swat falhou e o silêncio reinou. "Ah", dirão, "mas a audiência acontecerá, estávamos certos". O ponto não é esse, contudo. O cerne da questão é que começaram a espalhar algo sem verificar, apenas porque obedeciam ao comando vermelho (quase sem trocadilho).
                  Acima do Mampituba, as tentativas canhestras do inter ganharam análises de vários jornalistas da ESPN e da FOX Sports. Todas mostrando o absurdo da pretensão e ampliando o ridículo que os isentos da Província estavam protagonizando. Sim, porque, no RS, nenhum “jornalista” teve a decência (deontologia é um conceito desconhecido na chamada crônica esportiva local) de informar duas pequenas verdades: primeira, as audiências do TAS não permitem acompanhamento de público. Segundo, não há qualquer chance de haver reversão de resultado do campo. A única coisa que o procedimento desesperado do inter pode resultar é a determinação que a entidade nacional abra ou reabra a questão e analise-a. Ora, no Brasil, o STJD, que mandara arquivar sem exame, então, deverá analisar. Alguém duvida de qual será o resultado? Ainda não se convenceram? Leiam os artigos 66 e 67 do Estatuto da FIFA (não os reproduzo aqui por serem longos demais) e chegarão à inafastável conclusão de que não poderá o procedimento mudar o destino da vermelholândia: a série B. Na verdade, essa história do TAS e do SCI é igual a episódio do Chaves: tu já sabes o final, mas acompanha só para rires!
        Só que, por mais isentos que sejam, sabem que os fatos cobrarão seu preço. Logo, já começam a inventar a blindagem. E as palavras novas que aprenderam foram represália e  retaliação. Na rádio Nal-Nal, entre as notícias que ressuscitaram o valente da fronteira, entusiasticamente, aquele jornalista que, em 2012, escrevia tuítes celebrando a surra em gremistas, disse, textualmente, que o procedimento da CBF sobre os e-mails falsos era retaliação porque o inter havia recorrido ao TAS.  O pobrezinho não sabe nem identificar uma ordem cronológica. O procedimento instaurado a pedido da CBF teve início em 9 de dezembro de 2016. O sci recorreu à corte arbitram em janeiro de 2017, um mês depois, portanto. Como é que se pode retaliar por antecipação?  Enquanto isso, Diogo Pipoca, em sua coluna, hoje, veio com o alerta: “preparem-se, colorados, porque teremos um 2017 em que nos faremos de vítimas o tempo todo, já estamos chorando de agora, gravaremos outro DVD com o lamento, tudo doravante culparemos a CBF e diremos que somos perseguidos”. Certo, não foram essas palavras, mas para quem sabe ler, pingo é letra. Em suma, eles têm já aquela pretensão de ficar com a manteiga e com o dinheiro da manteiga. É por isso que Wianey fez aquela coluna, há dez dias, dizendo que, de qualquer maneira, o inter seria vitorioso. Noves fora que ele sempre o será para as lentes vermelhas dos isentões, o que o Velho Carlet queria mostrar à coloradagem é que eles têm, daqui para frente, um culpado para tudo: a perseguição implacável. Todo o insucesso será culpa da CBF.

              Em perfunctória porém correta análise, o recurso deles ao TAS foi uma tentativa desesperada de constranger a CBF e de fazer crer que o clube tinha mais coisas ou elementos, que o tal e-mail falso passaria sem ser apurado e punido. Foi um blefe, enfim, só que falhou. A entidade brasileira pagou para ver.  Ainda ouviremos muitas bobagens sobre a audiência ( e se inaugurou no RS a nova moda, a torcida por audiência) e veremos os jornalistas vermelhos alinharem muitas coisas sem qualquer fundamento. A única certeza, porém, é que eles criaram um novo dito gauchesco: “mais ridículo que jornalista colorado celebrando data de audiência”.

             A coluna da semana tinha terminado no parágrafo acima. No entanto, eu não podia deixar de acrescer umas linhas para, parabenizar a atitude do Cacalo no Sala de ontem. Ao enfrentar o Saruman da FGF, Cacalo desnudou e tornou ainda mais gritante a distorção que é o ruralito, com suas manipulações sob medida para auxiliarem o time do Recauchutado que invadiu a Pe. Cacique. E a soberba do dirigente foi tal que ofendeu o ex-dirigente gremista e desligou o telefone, mostrando que não admite ser questionado. É um autoritário.

               Não obstante isso, afirmo categoricamente que Cacalo só pôde fazer o que fez porque Pedro Legado e Wianey não estavam no programa. Se estivesse, Legado não teria permitido que o seu amigo de consumo de salmão fosse questionado. Por quê? Porque essa história de levantar suspeição sobre o ruralito e seu presidente conselheiro isento é apenas retórica para colorado disfarçar a isenção de um presidente de federação que, a seu bel-prazer, manipula tabela, muda local de jogo ou cria taça mequetrefe para premiar seu clube do coração (e nem vou falar de dirigente de clube pequeno que é conselheiro e ex-dirigente de agremiação vermelha).O mais patético, porém, é que o Sala tentou remediar a situação colocando um membro do MP (em quem o Presidente conselheiro Isento queria colocar a culpa) para tentar dar veracidade às pueris alegações do dirigente. Só que o tiro saiu pela culatra. O ilustre representante do Parquet Estadual gaúcho desmentiu o presidente conselheiro isento.  Na imprensa gaúcha, todavia, abafaram o quanto puderam e só noticiaram a “discussão”. Nem uma palavra sobre o que disse o promotor. Em suma, como diz o RW, eles são invencíveis, mas são previsíveis.
             Em suma, há uma meia dúzia de lustros que a Federação é comandada por ex-dirigentes e conselheiros ligados a um clube. Já surgiu a informação, divulgada por um jornalista da IVI (um novo, pelo Twitter), que um ex-vice do sci tentará suceder o atual. Esse rodízio maniqueísta tem matado o futebol gaúcho.