sábado, 24 de junho de 2017

A ocupação da Arena


Caro Corneteiro!

Sou frequentador da Arena deste a inauguração, indo a maioria dos jogos, e não tenho nenhuma saudade do velho casarão da Azenha. Na memória, estão somente as grandes conquistas. Temos, no momento, um estádio confortável, com ótima acústica, banheiros limpos, uma profusão de bebidas e comidas no entorno, mas pouco público diante do tamanho da nova casa. Ter como média de ocupação algo em torno de um terço da capacidade é um despropósito, senão um desperdício. Qual a razão desse fenômeno? Penso que os fatores são diversos, como  localização, difícil de chegar e sair, horários malucos e preços, de uma parte. De outra, acredito, está relacionada a pouca/baixa valorização do Brasileirão, a maior disputa entre as equipes nacionais. Há, no nosso meio, uma arraigada preferência pela Copa do Brasil e pela Libertadores, que teriam maior emoção, enquanto aquele seria entediante, arrastado e sem um jogo final. Isso perpassa a mente de nossos dirigentes, do treinador, de boa parte da mídia esportiva e de segmentos da torcida. Não quero menosprezar essas duas copas, mas defender que o núcleo principal deve ser o Brasileirão. Afinal ele contempla 19 jogos na Arena, todos decisivos, um conjunto maior que as duas copas juntas, que somadas contemplariam 11 jogos (quatro da Copa do Brasil e sete da Libertadores) em nossa Arena, se em ambas a final for atingida. Salta aos olhos o volume maior de jogos do Brasileiro. Portanto, devemos todos centrar fogo nele, visando uma ocupação da Arena próxima dos dois terços. Fico com inveja, ao acompanhar jogos europeus, em ver os estádios com ocupação plena, independente de adversário e colocação na tabela. Ter uma equipe competitiva vai requerer apoio expressivo de torcedores, presentes em todos os jogos e não apenas em alguns grandes jogos. Reconheço que isso exige abnegação do torcedor, tanto em termos financeiros quanto no desgaste da chegada e da saída da Arena -  devido aos desafios impostos pelas carências da mobilidade urbana. Enfim, sonhar é livre, e por que não imaginar o Tricolor campeão da Copa do Brasil e do Brasileiro no mesmo ano?
Jorge Orcina