sábado, 26 de maio de 2018

Coluna de Flávio Guberman

A Hipocrisia da IVI

Que a maior parte da imprensa esportiva do Rio Grande do Sul é vermelha, todos nós sabemos de cor e salteado, eis que vemos isso todos os dias há muitos anos. Que esses “profissionais” têm todo um modus operandi e um código linguístico próprio, também não é novidade (por exemplo, sempre  que invocam um fato negativo do sci – e só o fazem quando absolutamente não há mais jeito -, esforçam-se para trazer algo do Grêmio, mesmo que sem relação com o assunto em si. Ou, ainda, podem ver que, nas manchetes, eles nunca perdem, como na eliminação do gauchão, quando disseram que eles tinham-se redimido, mas não se pronunciou a frase eliminação). Que combinam pauta e ataque em bloco, pode-se perceber quando alguns temas recorrentes ressurgem ao mesmo tempo em diversos veículos das diferentes facções da IVI (como semana passada, ao mesmo tempo, Diogo Olivier, Pedro Legado e Mombach falando de “perseguição do sci pela CBF”). Só que agora juntaram mais um elemento à longa lista: a hipocrisia militante. 

Com efeito, a hipocrisia deles vai de par com a indignação seletiva e de opereta. E essa questão fica ainda mais patente nos casos envolvendo o Garnisé Chiliquento. E tomaremos como exemplo os casos envolvendo-no, seja a punição pelas agressões nos jogos contra o Flamengo e contra o Grêmio, seja nos rumores que tonitruaram nas redes sociais .
Falemos, porém, primeiro, das punições. Desde o jogo com o Flamengo, após a agressão em Paquetá, os isentos estavam militando em favor do pugilato livre, do comportamento sujo em campo do jogador vermelho. Esse adjetivo forte, tomamo-lo de um comentarista da FOX, que assim chamou o capitão colorado e com carradas de razão. Em Porto Alegre, porém, a conversa foi outra. A luta livre parece ser um esporte amado pelo Capitão da IVI, já que, na Orfanotrófio, Redche resolveu dizer que Chiliquento de Voz Fina não tinha feito nada de mais. Os colegas dele de bancada, constrangidos visivelmente, ainda tentaram chamá-lo à razão, inutilmente, porém. Ele insistiu na tese de que fora um exagero da arbitragem. E qual a razão dessa militância em prol da anti-esportividade? O clubismo. Sim, porque há tempos atrás, quando Kleber era jogador do Grêmio e, por vezes, confundia raça e combatividade com agir como um caminhão sem freios lomba abaixo, Reche era o primeiro a exigir, aos gritos nos microfones, punição exemplar para o então jogador gremista.

Veio o Gre-nal. Veio o silêncio pelo que teria acontecido no vestiário antes do jogo entre Odair e Dalessandro. Veio a agressão covarde em Luan após o jogo. E os jornalistas isentos do Rio Grande ovularam de alegria com a demonstração de vulgaridade do jogador colorado. O Anão acha-se invencível. Acha-se com permissão para tudo e isso foi construído ao longo dos anos por uma constante adulação dos repórteres que o fizeram crer um jogador espetacular quando, todos sabemos, ele nada mais é que razoável em campo e um aético fora dele. Produto de marketing que é, procura sempre os holofotes e no RS sempre há um repórter disposto a adulá-lo. Alguém tem dúvidas disso? Pegamos o exemplo de Pedro Ernesto. O que fez o rubicundo narrador da Gaúcha? Ao invés de condenar a atitude anti-desportiva de dalefrango, Pedro Legado disse que a culpa daquela atitude era a corneta contra o sci! Ou seja, Pedro Legado resolveu absolver o mau comportamento do jogador dizendo que a culpa fora dos outros, nunca dele. Entederam porque ele age assim? Acha-se especial.
Vieram as punições merecidas e saiu até barato. Duas punições: dois jogos pelo caso da agressão ao Paquetá e dois jogos pela covardia contra Luan. E a imprensa vermelha fez o quê? Acusou a perseguição ao clube, desculpou o jogador que nada fez pelo sci este ano e que, inclusive, ausente das partidas, o time de lá melhora de rendimento. Isso nunca será dito na IVI, é verdade. Mas é um fato. Quando William Cotovelo agrediu o Miller, a imprensa do RS fez o mesmo: tentou colocar panos quentes, fez o que pode e o que não pôde para desculpar o jogador do time adversário. Quando, no entanto, no passado, houve jogadores do Grêmio envolvidos, sempre advogaram as mais severas punições e sanções. 

E aí surgiu a história de áudios e fatos envolvendo o mesmo capitão colorado e um entrevero com um colega de time. Feia história, é verdade, mas que ganhou força nas redes sociais e na corneta. Grupos de whatsapp e afins divertiram-se à larga com a história. Menos os jornalistas da IVI. Houve ameaças no twitter de jornalistas a ouvintes, houve ameaças de prints, houve gente dizendo que estava recolhendo informações para repassar ao jogador “ofendido”, houve gente falando que esses áudios não podem ser levados a sério... enfim, houve uma blindagem em bloco.

O interessante é que esse comportamento louvável de preservar a intimidade dos jogadores só apareceu agora, quando a história da vez envolve um “ídolo” do time deles, porque essa mesma discrição toda não foi empregada quando apareceram histórias falsas e apócrifas envolvendo Miller, Lincoln e edilson, por exemplo, quando os próprios jornalistas faziam piadinhas em vídeos (Pedro Legado na festa fazendo chacota do Miller e puseram panos quentes dizendo que era um evento privado), divulgavam o áudio que atribuíram ao Edilson e mesmo depois de provado que era falso, um repórter aprendiz colocou no ar durante o Lacerda Show na rádio Nal-Nal. Teceram comentários maldosos sobre problemas domésticos de Lincoln. Foram tuítes falando de amantes por parte do Pitaco do Fogaça. Enfim, toda uma miríade de desrespeitos por esses jornalistas todos que agora vêm urrar por “respeito” ao jogador e querem desmentir a história a todo custo. Por que não agiram assim antes? Por que não agem assim com todos? Por que a seletividade e a hipocrisia? Simplesmente porque é a IVI.

Não nos interessa o que circula nas redes sociais sobre Dalessandro. Pouco se nos dá se a história é verdadeira ou não. Não tratamos de fofocas em nossa coluna. Aqui estamos apenas registrando a hipocrisia militante vermelha da IVI, a falsidade dos repórteres. Por isso sempre clamamos aos gremistas que tenham discernimento e reflitam sobre isso. Afinal, a questão é simples: o Guerrinha está enganado (e, aliás, a IVI fez um silêncio enorme sobre o caso da declaração preconceituosa desse repórter vermelho sobre as mulheres, mais hipocrisia, portanto), quem tem preço não são as mulheres, quem tem preço é a IVI.
Flavio Guberman