Flavio Gubermann é colunista do Cornetadorw.Nas horas vagas trabalha no escritório da Resistência contra a IVI no Rio de Janeiro.
O LEGADO DO GLUGLU PIPOCA OU A SONORA FESTA DA IVI (parte I)
O LEGADO DO GLUGLU PIPOCA OU A SONORA FESTA DA IVI (parte I)
A semana foi muito interessante e pródiga, mas as limitações de tempo e espaço obrigam-nos a escolher os temas ou, no mínimo, limitá-los, o que nos causa uma certa tristeza, dada a quantidade de coisas sobre as quais queríamos falar. Assim, essa semana comentaremos algumas botinadas de autoria de três célebres próceres ivistas: Pedro Legado Mortadela, Diogo Pipoca, o que aprecia a rima, e Zini Glu-Glu Tottenham Pires. Essas figuras emblemáticas da isenção gaúcha foram especialmente profícuos essa semana. E, demais disso, falaram tanta coisa, sobre tantos aspectos, que, da mesma maneira, apenas destacaremos duas ou três passagens que, particularmente, nos causaram indignação.
A esta altura do campeonato, todos já sabem o modus operandi da IVI e sua incrível capacidade de, com apenas uns gomos de bergamota, fazer uma chimia toda. E essa semana não foi diferente. Com sempre uma capacidade incrível de distorcer e criar (afinal, trata-se da IVI, Srs.), a IVI da Ipiranga iniciou a semana enaltecendo as “cinco vitórias seguidas no campeonato nacional”, criando, no brasileiro de 2014, uma goleada em Gre-nal! Que goleada, Srs., indago? Pois bem, a IVI criou a goleada de 2x0! Sim, porque além de ter sido esse o placar daquele péssimo jogo (que, embora nacional pela Série A, foi apitado por um daqueles árbitros humanos nosso conhecido de guerra), a própria ivi isenta o diz logo abaixo, quando cita quais foram as tais cinco vitórias seguidas! Ou seja, a celebração despudorada a golpes de agenda positiva já foi mais hábil, mas o alívio pelo desempenho no “campeonato nacional” desse ano foi de tal magnitude que não havia mais lugar para sutileza.
Aliás, é interessante notar que nunca, quando se ouve ou vê os isentos falaram na série B desse ano, conseguimos ver que campeonato os vermelhos estão disputando porque, para a ivi, os meninos da B não estão na b. No máximo, em transição. Sim! Nas chamadas na TV ou nos jornais nunca se menciona a que campeonato está-se fazendo referência. Observe-se, à guisa de exemplo, a matéria das “cinco” vitórias seguidas. Eles mencionam as cinco vitórias de 2014 nominalmente (Flamengo, Bahia, Santos, Grêmio e Goiás). Mas não o fazem com os jogos de 2017... Nas chamadas da RBSci para as peladas de sábado à tarde, em que Mauricio Guinaçççu Saraiva aparece mequetreficamente sorridente chamando a coloradagem para acompanhar seu time do coração, igualmente só fala em “brasileiro”. Não duvidem da IVI, meus caros, eis que ela suprimiu a série B.
Em que pese ser a pior série B da história, eles estão aliviadíssimos... Já sepultaram a idéia lançada por Pedro Legado, que os vermelhos subiriam com facilidade e naturalmente. Passaram uma tal agonia que aumentaram a venda de sal grosso no RS em 1.000.000%. Agora, com o medo arrefecido, subiram novamente no salto da empáfia e tratam a vitória contra o ABC ou o Luverdense como se tivessem passado o trator, de augusta memória, sobre times grandes como Real Madrid, Barcelona, Grêmio ou PSG. E isso porque fazem vista grossas aos "erros humanos" no Luverdense e aos fraquíssimos contendores na série B. Se os Beninos do aterro subirem será mais pela ineficiência dos adversários que por seus méritos. No mundo da bolha isenta, não falta tautologia.
E aí começa a doença da isenção. Coisa que Freud explicaria, caso ele dedicasse-se à ciência veterinária. E não é para menos. Zini, o mestre das informações inúteis e das colunas que têm a importância de um furúnculo em traseiro de bugio, saiu-se com aquela coluninha espetacular em cuja chamada lia-se: “como o inter superou 14 clubes da série A em 8 meses”. E elevou à dignidade de taça os públicos medíocres conseguidos no Bergamota Remendado a golpes de ingressos a 10 reais válidos por dois jogos e com direito a espetáculo de cadeiras voando, rave dos vidros e invasões de campos não punidas e não noticiadas.
Fosse Zini um jornalista atento, mostraria que as médias de público são medíocres na série A, que a violência está afastando os torcedores dos estádios e relativizaria a notícia. Mas não era essa a intenção. O que queria o tiozinho do cavanhaque mal-pintado era criar factóide, inventar notícia positiva para parecer que a torcida estava apoiando em massa os tigres da b. Por isso que celebravam como título (aquilo que eles não têm há praticamente oito anos) uma média de público aparentemente alta (mas que, em si, esconde a falência do ludopédio em terras auriverdes). Fosse Zini um jornalista, não um fazedor de firulas, mostraria que um jogo com 31 mil pessoas no aterro gerou uma renda de cerca de 150 mil reais apenas. Mostraria que as contas não fecham entre a realidade e o apresentado pela diretoria e que o elenco mais caro da série B está longe de ser a máquina que a ivi forjou em suas feéricas trincheiras.
Isso, porém, nunca será visto abaixo do Mampituba. O mote é dourar a pílula vermelha o quanto se puder e manter a chama da falácia acesa o quanto puder. E enquanto Zini GluGlu foi o menino- obediente vermelho da semana, Pedro Legado foi a figura da pura secação azul e Diogo Pipoca foi o rapazote protagonista da “entregada da rapadura” da semana. Isso, porém, será objeto das colunas seguintes a essa, amanhã e depois.
E vamos, aqui, após essas considerações especiais, despedindo-nos por hoje. Quiçá tenham estranhado o tamanho da coluna, mas estamos experimentando uma idéia do RW, presidente da Resistência, de dividir a coluna em três partes, de maneira a tornar mais lúdica e interessante a leitura de todos, dados os cartapácios que costumam da nossa pena sair. Digam-nos o que acharam da idéia.