domingo, 25 de fevereiro de 2018

Aconteceu no Texas.5º rodada do campeonato gaúcho de 1968


Crédito: Gerson Kauer

Estamos no dia 25 de fevereiro de 1968.
Data importante na história do Grêmio.Em 1959 aplicamos 4 X 1 no Boca Junior na Bombonera.E em 1968 houve o famoso "jogo do pai do Bebeto".
É verdade.Teve revolver no estádio Wolmar Santos (segundo o historiador Marco Antônio Damian.E para o Diário de Noticia teve "revólver e faca".
Reza a lenda de que teriam havido disparos.Quem assistiu este jogo pode entrar em contato conosco (corneta.rw@bol.com.br)..
Este post não vai encerrar aqui.Na verdade isto não é uma postagem. É um DOCUMENTO do futebol gaúcho.
Cresci ouvindo a história deste jogo.Hoje quando conto para alguém percebo que as pessoas não acreditam.
Aconteceu no Texas.
Vencer o Gaúcho de Passo Fundo no Wolmar Salton era mais difícil do que ganhar da seleção inglesa de 1966.
Na zaga tinha o famoso Daison Pontes.No ataque tinha Bebeto.
Certa vez Daison Pontes agrediu o árbitro José Luiz Barreto.E foi reverenciado nem Passo Fundo.Vejam no link no final sobre a era Pontes
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Ah! Quem assistiu o homem chegar na lua sabe que vencer em Passo Fundo e Bagé era tarefa para gigantes.
Mas como diria o Professor Ruy Carlos Ostermann : "Vamos avançar!"
O Grêmio vencia de 2 X 1 o Gaúcho de Passo Fundo.Aos 42 do segundo tempo Bebeto deu petardo.A bola bateu no travessão e desceu.
Paramos aqui.Leiam os relatos trazidos pelo historiador Daison Santos sobre este episódio (Diário de Noticias e Marco Anônio Damian).
Acreditem.Aconteceu no Texas

GAÚCHO DE PASSO FUNDO  2 X 2  GRÊMIO   
Competição: Campeonato Gaúcho (Campeonato de Ouro) - 1ª Fase - Grupo A - 1º Turno - 5ª rodada
Data: domingo, 25/fevereiro/1968 (Domingo de Carnaval)  
Local: Estádio Wolmar Salton, Passo Fundo
Árbitro: Vílson Vômero da Silva    
Gaúcho: Nadir; Machado, Geraldo, Pontes e Jamir; Flávio e Honorato; Meca, Adílson, Bebeto e Wílson (Raul); Técnico: Gitinha   Grêmio: Arlindo; Altemir, Paulo Souza, Áureo e Everaldo; Jadir e Sérgio Lopes; Joãozinho, Alcindo, Loivo e Volmir (Babá); Técnico: Sérgio Moacir Torres Nunes Gols: Sérgio Lopes 8 e Volmir 31 do 1º tempo; Raul 33 e Bebeto 42 do 2º tempo  
**Jornal Diário de Notícias (terça-feira, 27/fevereiro/1968) - p. 7: "GAUCHADA EM PASSO FUNDO COM GOL DUVIDOSO, FACA E REVÓLVER"     

     PASSO FUNDO, 25 (de Paulo Solano) — Com a mudança de seu sistema tático empregado na fase inicial, o Gaúcho, de Passo Fundo, merecidamente chegou ao empate com o tricolor com um gol que deixou dúvidas e que deu início a lamentáveis acontecimentos, no Estádio Wolmar Salton. Os gremistas com um início soberbo chegaram a dar mostra de um triunfo fácil. No entanto, ocorreram erros táticos na representação tricolor e o empate aconteceu. Os comandados de Sérgio Moacir afunilaram muito o jôgo e os seus avantes não completavam as oportunidades. Dos quatro valores de frente o que se mostrava mais positivo era Volmir. Entretanto, foi substituído por Babá. O ponta-de-lança Alcindo atuou com elegância mas sem muita objetividade. A sua garra faltou. O meio-de-campo com a queda de Jadir foi esmorecendo e o notável Sérgio Lopes nada pôde fazer. Os esmeraldinos, que no início da contenda jogavam no 4-4-2 ao sentirem fôrças para uma ação mais ofensiva partiram para o 4-2-4. A alteração surgiu na etapa derradeira. A substituição de Wílson por Raul foi acertada.  
     O lance mais importante do encontro foi sem dúvida alguma, o que ocasionou o empate dos passofundenses. Aos 42 minutos, o tento que deu tôda a confusão: o dianteiro Bebeto atirou no travessão superior, a bola picou fora da linha fatal e o arqueiro Arlindo agarrou. O sr. Vílson Vômero da Silva que estava mal colocado na ocasião apontou para o centro do campo. Com êste seu gesto estava dando validade ao segundo ponto dos esmeraldinos. O bandeirinha Ilmar Keldmann que não acompanhava de perto a jogada nada fraccionou. Uma decisão um tanto afoita do sr. Vílson Vômero da Silva. Aliás, o referido apitador não vem convencendo nas partidas em que tem atuado. A sua série de más atuações poderá ter finalizado na "Capital do Planalto". 
     Lamentável sob todos os pontos de vista a atitude tomada pelo sr. Aparício Reis, genitor do atleta Bebeto. Puxou revólver e faca contra os jogadores tricolores numa ação intempestiva e que não condiz com a sua situação de policial, delegado de polícia, em Soledade. Um caso para ser levado em consideração pelas altas autoridades competentes. 
     Aos 8 minutos da contenda, Sérgio Lopes atirou de fora da área e marcou. Foi infeliz o arqueiro Nadir. Aos 31 minutos, Pontes falhou e Volmir marcou. 
     No período final aos 33 minutos, Raul marcou o primeiro ponto do seu quadro, aliás, uma beleza. Aos 42 minutos, o tento da confusão com Bebeto, sendo o autor.  
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Por Marco Antônio Damian (Historiador - Membro da Academia Passo-Fundense de Letras - Autor do livro "Enciclopédia do Futebol Gaúcho") 
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     Domingo de carnaval e as atenções dos passo-fundenses estava voltada para o Estádio Wolmar Salton. A folia ficaria para a noite. Na tarde ensolarada do dia 25 de fevereiro de 1968, o Gaúcho entrava em campo para enfrentar o campeão estadual de 1967, Grêmio Foot Ball Porto-Alegrense.  
Graças ao nervosismo inicial de seus atletas o Gaúcho se viu totalmente envolvido pelo adversário no primeiro tempo. O meia Flávio perdeu uma bola infantil para Sérgio Lopes no meio de campo. O gremista manda a bola despretensiosamente para área alviverde e o experiente goleiro Nadir é traído por uma saliência do gramado (e como tinha saliências no gramado) e toma um frango digno de registro.
     Pouco tempo depois o mesmo Sérgio Lopes, o “Fita Métrica”, apelido ganho pela precisão de seus longos passes, lança a bola para Volmir Massaroca. Ele dribla Daizon Pontes, dribla Nadir, outra vez Daizon, que desesperado entrava na corrida, e coloca a bola para o fundo do gol. Grêmio 2 x 0 e a goleada se desenhava em tons generosos no Wolmar Salton.
     Para sorte do Gaúcho o Grêmio passou administrar o jogo e o término da primeira etapa foi visto com bons olhos pelos jogadores e o treinador Gitinha.
     Parecia outro jogo no segundo tempo. O Gaúcho voltou à campo determinado, compactado no meio de campo, apertando a saída de bola do Grêmio, que não conseguia mais tocar com rapidez, pela marcação forte e pelo péssimo estado do campo de jogo (convenhamos que nunca deu para chamar de gramado o campo do Gaúcho).
     Até os 33 minutos o Gaúcho chutou dez bolas no gol do Grêmio, perdendo oportunidades de ouro para marcar. Aos 33 minutos o lateral Machado corre pela direita e cruza. Altemir que estava na cobertura falhou e a bola sobrou para Raul Matté, que pegou de primeira estufando as redes.
     O gol deu mais um gás ao alviverde e incendiou a torcida. Ninguém arredava pé do estádio e aos 43 minutos o endiabrado Meca corre com a bola até a linha de fundo e realiza o cruzamento para trás. No pé de Bebeto que não hesitou. Mandou seu tradicional canhão de pé direito. A bola feito um míssil se chocou na parte de baixo do travessão e picou a poucos centímetros dentro do gol, voltando aos braços do goleiro Arlindo. Nos segundos seguintes todos se olharam. A torcida começou a gritar de alegria quando viu o bandeirinha Gomercindo Silva correr para o centro do campo, no que foi seguido pelo árbitro Vilson Vômero da Silva. O Gaúcho empatava a partida por 2 x 2. Os jogadores periquitos se abraçavam no meio de campo. Torcedores subiam na tela do alambrado e os jogadores gremistas desesperados corriam atrás do bandeira. O mais exaltado era o goleiro Arlindo que esbravejava em cima do árbitro. 
     Vendo aquele tumulto e receoso que o árbitro pudesse voltar atrás, resolveu interferir o Delegado de Polícia Aparício Reis, pai de Bebeto. Ele estava vendo o jogo de dentro do campo (na época tudo se podia) e foi tirar satisfação de Arlindo. Com um enorme revólver Schmitt Weson, calibre 38 debaixo do casaco levantou os braços para bater em Arlindo e o reluzente Schmitão apareceu. No mesmo instante acabou o tumulto.
     No dia seguinte os jornais de Porto Alegre queriam o fim do Gaúcho no campeonato. A manchete da Folha Esportiva, na coluna de Antonio Carlos Porto dizia: “...E ainda se puxa revolver no futebol”.
     Essa partida ficou conhecida como “O Jogo do Pai do Bebeto”. 

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