sábado, 24 de fevereiro de 2018

Coluna de Flavio Guberman

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CARTA AO PRESIDENTE ROMILDO

Estimado Presidente,


Cumpre-me, inicialmente, parabenizá-lo por sua administração e pelo pulso com que V.Sa. conseguiu conduzir, com assertividade e muita inteligência, de volta à senda da vitória, trilho natural por onde se deve sempre ver correr o Trem Tricolor. Eleva-se, então, o Sr. ao patamar de Carlos Luiz Bohrer, Siebel, Augusto Koch e Aurélio de Lima Py, primeiros presidentes do Clube, porque, após a longa travessia do deserto, é quase como uma refundação em que nos reencontramos com títulos e aquela torcida aguerrida e nobre, que apoiou em todos os momentos, viu-se extasiada e recompensada.

E que travessia do deserto! Anos sombrios que foram ainda mais obnubilados pelo tacape feroz da IVI, capitaneada com rara fealdade por Pedro Ernesto Denardin. Não o chamarei aqui pelos apelidos com que o brindamos amiúde, como Jabba (um apodo que inventei para a coluna semana no Blog, em raro momento de brilho pessoal, e do qual me orgulho, registre-se) ou Pedro Legado (blog Corneta RW), dada a histriônica posição do dito “jornalista” antes da Copa do Mundo. Essa missiva é séria. Por isso, referir-me-ei ao cabeça da IVI da Ipiranga por seus prenomes, Pedro Ernesto.

E a notícia que todos os gremistas tiveram foi que o Sr. o recebeu para uma visita especial à Arena. Isso caiu-nos em cima como uma bomba. Como? Pareceu – e confesso que assim me senti – uma ofensa pessoal. A IVI festejou como um troféu, estampando em tintas gargantuescas a visita pela Arena como se fosse uma parada da vitória em território conquistado e submisso. Ah, que pílula tão amarga para engolirmos! Imediatamente apontamos esse erro. 

O Sr. Pedro Ernesto é inimigo do Grêmio. Tal fato é incontornável e são muitas as provas. Ninguém é eleito, pelo voto popular, à liderança de algo à toa. E foi o voto dos gremistas, em enquete do Corneta do RW, que o levou ao posto de presidente da IVI. Posto para o qual ele, seguramente será reeleito esse ano. O Sr. Pedro Ernesto ganhou tal posto por méritos próprios: sua campanha sistemática pelo abandono do brasileirão ano passado, por apoio ao gauchão em detrimento da Libertadores, em sua abjeta campanha preconceituosa contra Miller Bolaños, suas ofensas reiteradas pelo Twitter contra torcedores, suas piadas anti-gremistas no Sala de Redação, cancro anacrônico que se tornou uma paródia sem graça de si mesmo... Há mais, todavia, muito mais, Sr. Presidente. Pedro Ernesto, ao vivo, disse que a estátua de Renato teria de ter rabo, não o rosto (há até tuíte que ele apagou, mas cujo print foi salvo). Desfez dos títulos recentes conquistados à base de trabalho e qualidade, reputando-os ao acaso e à fraqueza dos adversários. O jornalista da Gaúcha fez campanha denegrindo o Grêmio, criticando a posição da direção gremista no caso dos árbitros da final da Libertadores e em relação à FGF. Chamou, inclusive, V.Sa., Sr. Presidente, de leviano.

Pois bem,  Dr. Romildo, foi a esse homem que o Sr. recebeu com pompa e circunstância na Arena e deixou-o conspurcar as taças ao permitir que suas mãos  tocassem-nas. Claro que a reportagem que a ZH fez dourava a pílula e exagerava a importância que o Grêmio deu à visita de Denardin, fazendo parecer uma visita de Estado. E a foto daquele adversário em riso sardônico, parecia debochar de cada gremista. Isso incomodou muito a mim e a vários gremistas. Por que isso, Presidente? Eu mesmo, no twitter, disse que V.Sa. não agiu corretamente. Os gremistas queriam entender o motivo desse tratamento “especial”. Claro que as primeiras respostas que me vieram à mente foi o tato e a diplomacia. Não podia ser apenas isso, porém.

Foi apenas quando comecei a escrever esta carta que consegui, quiçá,  entender. Já digo a única explicação possível. Foi uma pura demonstração de força. Como quando os reis europeus convidavam outros reis às suas cortes para impressioná-los com seu fausto, riqueza e poderio e, assim, dissuadi-los de atacar. O Sr., portanto, presidente Romildo, alertou Pedro Ernesto, sem uma palavra, apenas com gestos: “leviano é o Sr., Sr. Pedro Ernesto, a verdade de nossas vitórias mostra o quão mentiroso o Sr. é”. Só pode ter sido isso! Porque tenho certeza que V.Sa. não receberia um inimigo do Grêmio como Pedro Ernesto para homenageá-lo, salvo para ungi-lo pelo problema que  é. 

  Então aquele riso captado pela câmera – e que eu acreditava ser de ironia e mordacidade – era nervoso e medo. Medo de ver e ter de narrar mais vitórias e mais conquistas, de ser testemunha do gigantismo natural do Grêmio, de ter de ver-nos celebrar um título ao ano, mesmo com toda a campanha contra que a IVI promove. O Sr. não o convidou para honrá-lo, mas, sim, para advertir à IVI: preparem-se, rilhem os dentes o quanto quiserem, porque continuaremos vitoriosos mesmo a despeito do que vocês fazem.

Sim, só pode ter sido isso! Outra jogada de mestre de V.Sa.! Parabéns, novamente, Sr. Presidente! Isso porque, sinceramente, não posso acreditar – e nenhum gremista pode – que o Sr. o tenha recebido de bom grado, com alegria ou com sincera vontade. Sei que as relações com a imprensa são complicadas, mas a linha que separa a cordialidade da subserviência é tênue e, rompida, nunca mais se recompõe.

Queira receber, Sr. Presidente, o reconhecimento, uma vez mais, e os agradecimentos de um gremista.

Mui Cordialmente,

Flavio Guberman