O carro era uma Variant.
A cidade era Jaguarão.
O jogo era em Pelotas na Boca do Lobo.
Era final dos anos 60.Ou inicio dos anos 70.
A distância que separa Jaguarão a Pelotas é de 145 km.
Só que naquele tempo a estrada era de "chão batido.".
Saímos de Jaguarão cedo.
Tinha uma fila do caraglio para comprar ingresso.
2 horas para entrar no estádio.
O jogo iniciou e aos 30 segundos Jadir errou o primeiro passe.
Jadir era um grande desarmador.
100% na arte "do desarme"
Em compensação tinha 100% de erros em passes.
Com estes atributos virou idolo no Texas.Se virasse politico poderia ter sido governador fazendo dobradinha com Orcina.
Desarmava e entregava para o adversário.
Isto enlouquecia meu pai.Fumava 3 carteiras de cigarro Minister por jogo para suportar tanta bola quadrada.
O jogo transcorria e Jadir se aproximava do livro dos Recordes em "passes imperfeitos".
Aos 35 do segundo tempo após errar o octagésimo terceiro passe o meu pai não aguentou.
Levantou no meio da geral e Gritou: Cansei ! Estou indo embora!Vou para Jaguarão!
Saiu furioso do estádio Boca do Lobo.
Foi o meu primeiro trauma.
Lembrei do velho ontem.
Portões demoraram para abrir.A chuva caia na cabeça.
Mas não havia stress.Tinha a perspectiva da vitória.Tudo era festa.
Quando iniciou o jogo o Texas raiz apareceu na minha frente.
Os erros de passes ontem me lembraram a Boca do Lobo de 50 anos atrás.
Cheguei a sentir o cheiro "do Minister"
O volante quebrador de bola está praticamente extinto no futebol mundial.
Ainda resiste no Texas.
Aqui este tipo de jogador tem várias denominações
"cão de guarda",
"volante fixo",
"cabeça de área",
"carregador de piano"
"volante que suja o calção de barro".
"volante rústico"
"volante que guarda posição"
É uma instituição no Rio Grande do Sul.
Nunca vai terminar.
Nem que a vaca tussa