sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Vídeo emocionante.Não percam.E matéria do Gre-Nal de 77.

Este vídeo é imperdível prepararem os lenços.

http://aovivo.ducker.com.br/2012/11/29/ai-esta-emocionem-se-uma-merecida-homenagem-ao-imortal-e-glorioso-olimpico-monumental/


Quarta-feira publicamos o jogo mais emocionante do olimipico (na nossa visão)
Quinta-feira o cineasta expõe com seu brilhantismo habitual a narrativa deste jogo.
O meu jogo inesquecível29/11/2012 | 06h31

Carlos Gerbase: o Gre-Nal que nunca acabouEm série, gremistas ilustres falam sobre momentos marcantes do Estádio Olímpico
Carlos Gerbase: o Gre-Nal que nunca acabou Armênio Abascal Meireles, Agência RBS/
Gre-Nal que decidiu o Gauchão de 1977 marcou o cineasta Carlos Gerbase Foto: Armênio Abascal Meireles, Agência RBS
O Gre-Nal de domingo marca o último jogo do Olímpico. Entre a inauguração, em 1954, e o clássico derradeiro, foram muitos jogos, emoções e histórias. Em série de ZH, gremistas ilustres contam jogos que marcaram suas vidas. No terceiro capítulo, a história é do cineasta Carlos Gerbase.
Carlos Gerbase*
No dia 25 de abril de 1977, eu estava sentado na cadeira L7 do Olímpico. Eu tinha dezoito anos e esperava o jogo de futebol mais importante da minha vida. No final daquela tarde, ou a minha existência - e a do Grêmio - encontrariam, enfim, um caminho para a felicidade, ou permaneceríamos para sempre envoltos pelo manto da incerteza e da derrota.
Comecei a vir ao Olímpico nos anos 60, trazido pelo meu pai. Naquela época, o Grêmio tinha equipes fantásticas. A partir de 1956, foram 12 títulos vencidos em 13 disputados. O dr. José Gerbase, dermatologista que - pelo menos na minha imaginação - parecia ter atendido a cidade inteira em seu consultório, fora presidente do Grêmio em 1946, ainda no tempo da Baixada.
Meus irmãos mais velhos, Zeca e Tonho, brincaram nas obras do Olímpico e aproveitaram essa primeira era dourada, em que brilharam Juarez, Milton Kuele e Alcindo. Tenho, desse período, apenas vagas lembranças. Quando fiz dez anos, em 1969, e o futebol passou a ser mais concreto na minha vida, tudo começou a dar errado.
Fui a muitos Gre-Nais, e, apesar do esforço do Loivo, do Flecha, do Ancheta, o Grêmio só perdia. Por isso aquele Gre-Nal de 77 era decisivo. Tínhamos um treinador consagrado, Telê Santana, e o melhor ataque da história do Grêmio: Tarciso, André e Éder. Meu pai, já idoso e com dificuldades para subir escadas, ficou em casa, torcendo pelo radinho.

Enquanto a bola rolava, em todo o estádio, em cada degrau das arquibancadas, no interior de cada torcedor gremista, duas emoções imensas conviviam. A primeira era a esperança de que, finalmente, o Grêmio conseguiria vencer um Gre-Nal e ganhar um título. A segunda era o medo de que esse sonho se desmanchasse durante a partida. Esse medo podia ser sentido no ar e aumentava cada vez que olhávamos para a arrogante torcida vermelha.
Pênalti para o Grêmio. Abraços, sorrisos, mas a ansiedade continuava. Tarciso, tão ou mais nervoso do que eu, chuta o chão, espalha o cal e a bola vai para fora. Os vermelhos comemoram, como se antecipando mais um desastre da minha geração. Mas, pouco depois, no lance mais lindo que o Olímpico viu em sua história, Iúra, o "Passarinho", enfia a bola para André Catimba, que entra na área pela esquerda e chuta com o pé direito, num ângulo absurdo. A bola é levada magicamente para o ângulo. Gol! André vai comemorar com uma cambalhota e se estatela no chão. Era demais. Nem ele aguentou.
Pouco lembro do segundo tempo. Apenas esperávamos o apito final. Ele nunca aconteceu. A torcida gremista começa a invadir aos poucos, principalmente atrás da goleira da esquerda. Só esperava o jogo acabar. Alguém achou que tinha acabado e correu. Todos correram. Centenas de torcedores no gramado. Os jogadores de vermelho correm para o vestiário. Como era de se esperar, o campo é liberado aos poucos, e finalmente o juiz manda a partida reiniciar. Mas os vermelhos não voltam.
Numa decisão que ainda hoje, 35 anos depois, tem consequências na história do futebol mundial, os vermelhos ficam no vestiário e afirmam que aquele Gre-Nal não terminou. Eles achavam que isso era bom para os seus interesses, mas estavam enganados. Muito enganados. Como não terminou, aquele Gre-Nal virou eterno. E, de 77 em diante, só o Grêmio ganhou. Minha geração, agora adulta, percebeu que receberíamos em dobro tudo o que nos fora sonegado na adolescência. Quando o Grêmio conquistou o planeta, em 83, alguns acharam que a vitória aconteceu em Tóquio, mas eles estavam enganados. Os gols de Renato foram no Olímpico, ainda antes do apito final do Gre-Nal de 77, que jamais será ouvido. E a eternidade, agora na Arena, sempre será azul.
*cineasta
Carlos Gerbase relembrou o Gre-Nal no Gauchão de 1977
CRÉDITO: Ricardo Chaves/Agência RBS