sábado, 8 de abril de 2017

A coluna de Guberman

O MUNDO PÓS-APOCALÍPTICO  As ruas de Porto Alegre estão cheias de zumbis exsudando fel e ódio. Alguns, ignorando a bomba de nêutrons que se lhes abateu em cima, chafurdam na própria ignorância e mitomania; foram vítimas da própria isenção. No entanto, terei o mórbido prazer de tripudiar-lhes sobre as carcomidas carcaças vermelhas: bem que lhes avisei! Semana passada eu escrevi a coluna “A Hecatombe”. O que eu dissera, teve lugar. Aliás, há três semanas venho insistindo nisso, que a audiência no TAS era uma falácia. Não sou profeta, a despeito da minha longa e veneranda barba, apenas sou alfabetizado e não estou, como a cáfila isenta, eivado de vício e má-fé. Assim, sei interpretar os fatos e se eles não o souberam – ou quiseram – tanto melhor, eis que se deram conta, tardiamente, após tanto alarde (o que lhes aumentou o vexame), que se foram o boi e as cordas. Daí eu indago: TAS brincando que vocês esboroaram-se no que seria a “mãe de todas as audiências”? É aquela coisa: time grande não CAS!
 A coluna dessa semana será curtíssima. Sim, porque não consigo escrever sem rir estrepitosamente, as gargalhadas impedem-me de digitar. Há tempos não me divertia tanto. Rimos muito. Deveriam ter perguntado à Cadela Preta (que sabe mais que todos os integrantes do Sala juntos), tal e qual Justo Guerra, o sumido, disse ao Diogo Pipoca, o desinformado. Deveriam ter lido as minhas colunas, as postagens do RW ou, ainda, as do Conde de Sarandi, Marcos Vinícius Vargas, Mui Leal e Preclaro Conselheiro. Todos nós cantamos a pedra à larga, todos analisamos, sob aspectos diferentes, o quão anódinos eram os procedimentos desesperados de um certo time. Todavia, em peso, aquelas criaturas isentas vieram à lume repetindo as catilinárias do rábula gritador (quem lhe terá entregue os e-mails? Perguntemos ao Petite Guerre, isto se o encontrarmos) e sua equipe de ases do direito desportivo.  Não pesquisaram, não ouviram o outro lado, não se preocuparam com um mínimo de informação. Ah, tolos mortais isentos: obraram um (mais um) vexame internacional adoçado a balinhas de mel do espertíssimo pai de santo que ganhou um passeio grátis à Lausanne. Garanto que as sóbrias paredes do Château de Béthusy nunca viram tamanha descompostura.
Tivessem lido o que foi escrito nas páginas deste Blog, não teriam passado a humilhação que passaram. Quando a audiência foi suspensa, no dia do aniversário do clube do coração, encheram as páginas de colunas gritando que “era uma surpresa”. Como assim? Eles próprios tinha citado, na semana precedente, SETE grandíssimas vitórias vermelhas no TAS nos últimos anos. À parte a conta de mentiroso (um pleonasmo quando se trata de IVI), em quatro dos procedimentos que eles mesmos citaram, em um momento ou em outro, houve interrupção ou suspensão de audiência. Logo, que maldita surpresa era essa? Enquanto repórteres da IVI da Ipiranga, à porta do TAS, comportavam-se como tietes na calçada, tuitando bobagem e reclamando da falta de wifi, o RS tomava ciência que a vaca encaminhava-se para o brejo (aquilo que acima  do Mampituba tinha-se como pule de dez). E feito dois dias depois. Parabéns ao Vitória pela postura hígida, honesta e pelo jurídico competente que sabe Direito. E, neste terceiro parágrafo, questiono: onde está aquele bando de entendidos que passou março tuitando e escrevendo nas colunas sobre virada de mesa, sobre série A com 26 clubes, audiência mágica etc? Respondo: quase na C!
Naquele dia em que sepultaram a pretensão juridicamente impossível, como previ na coluna da semana passada, as baratas saíram tontas a gritar. Wianey Soneca, com aquele conhecimento soberbo que lhe é característico e com aquele preciosismo vocabular que lhe apraz, no Parque dos Dinossauros que mais parecia velório de arrimo de várias famílias, tratou, elegantemente, de “suruba” o órgão máximo que ele mesmo passara um mês afagando como panacéia e elogiando como moralizador do futebol. Entenderam o que é isenção?
Quando foi acolhida a preliminar de incompetência, outra vez, fingiram-se de surpresos, foram ao histerismo mais puro, faziam as vezes de virgens ultrajadas. Qual o quê! O mais patético, porém, foi dizerem         que “os especialistas foram pegos de surpresa”. Como? Argüição de competência faz parte de um arcabouço de medidas possíveis; se foram pegos de surpresa, foi porque não se preocuparam com investigação, mas, apenas se puseram a repetir, tal e qual papagaios bem treinados, aquilo que seu mestre vermelho mandou
 E no quesito mais perdido que cusco que caiu do caminhão de mudança, temos Diogo Pipoca que também ganha um dez na escala Kenny Braga de irrelevância, que vai de 1 a 5. “Pipoquínea Reflexivo” estalou sua ignorância em outros assuntos para o mundo. Pois bem, o Pequeníssimo Olivier soltou a pérola seguinte: “há o tribunal arbitral e, dentro dele, a Corte Arbitral”. TAS – aprenda – é a sigla na língua de Molière, ou seja, Tribunal Arbitral du Sport. CAS, a seu turno, é na língua de Shakespeare, Court of Arbitration for Sport. Entendo, todavia, o desespero do Fiscal dos Lanches; afinal, ele puxara o coro dos isentos a dizer que a antecipação da audiência era sinal forte de procedência do pedido. Mais uma vez, faltou-lhe a humildade de ir pesquisar um pouquinho, talvez até de perguntar a alguém que conhecesse alguma coisa, como a Preta, cadela do guerrinha. Aliás, Justo Isento, onde andas? Quero-te perguntar sobre os e-mails. Seria lá uma pauta impressionante.
E, assim, no mundo pós-apocalíptico da audiência que salvaria a lavoura mas viu a nau ir a pique, eles começaram a pensar na alternativa e reinventaram-se. Retomaram a narrativa (que esse blog já tinha denunciado, y compris este colunista que lhes escreve) da “retaliação” da CBF e começaram, finalmente, com quatro meses de atraso, a falar do procedimento no STJD. Passaram a falar, certo, mas a distorcer, como de praxe. O filho do JB, que arrumara um expert de predileção para, antes da audiência salvadora, dizer que o mundo seria redimido, agora já arrumou outro para explicar o procedimento do STJD e ele garantiu que não haveria a menor possibilidade de suspensão da série B ou punição que não a pecuniária. E nessa certeza aferram-se todos os intimoratos da IVI. Ora, a última vez que eles deram certeza de algo, deu no que deu...
Do ponto de vista do desespero, a coisa é profícua na vermelholândia. Começou com Zini Tottenham a dizer que havia um clima de arrefecer ânimos com a CBF e o STJD. Está bem, Zini não disse arrefecer. Ele nem sabe o que isso significa, muito menos como escreve. Não me lembro das palavras exatas. Eu não leio o que ele escreve; mal e mal o título.  Esse discurso não nasceu dele ou da água de salsicha de salmão que ele usa como infusão.  É emulação do que Medeiros, o breve, eructou aos microfones após ver que a situação do inBer, quase inCer, é mais difícil que nadar de poncho. E daí em diante abriu-se a porteira para as zêmulas claudicantes. Primeiro foi o tal do humorista de segunda e comentarista de quinta implorar por um acordo. Depois, foi a vez, no setor isento-alimentar, de Leonardo Papoula e Leando Manteiga. O primeiro disse que não era interessante o clima de enfrentamento. O segundo, mais elaborado (leiam o que escreveu o RW), fez coluna em que dizia, em apertada síntese, que era desinteressante à CBF e aos clubes uma série B sem o inBer porque não seria economicamente viável, em franco respeito aos demais clubes da competição. Ele, porém, ousou mais. Disse que os clubes estão à borda da revolta, inclusive o Grêmio, contra a CBF. Sim, estão. O sucesso estrondoso da Primeira Liga prova-o. Mentira, Srs., não há acordo de qualquer espécie. Como diria o nosso enviado especial na Pensilvânia, Leo Carrion, Visconde da Azenha, as prisões estão cheias de viventes que queriam “deixar para lá esta história de tribunal” 
Falácia é o pão cotidiano da IVI, sendo que distorção é o recheio! Sim, porque já começaram a dizer, na ZH, que “nos bastidores, integrantes do STJD sugeriram excluir o inter”. Está lá na sessão “Colorado ZH” de ontem, 7/04. Que impudicícia! Ninguém, em tempo algum, sugeriu coisa alguma, Ninguém “sugeriu” nada! A possível exclusão está no regulamento, está no artigo 61; é a punição por uso de documentos falsos. Tomem tento!
 O fato é que eles são invencíveis. Entrementes, claro que tem de sobrar para o Grêmio. É a cartilha típica: se algo vai mal no Menino-Deus, tem-se de inventar alguma coisa para os lados do Humaitá. Então eles noticiam algo com alarde: uma suposta penhora do Zé Roberto, mas passaram silenciosamente sobre o caso do Vitinho. Insistindo na soberba, Zini Sempre Ele Pires, na sua fascinação vermelha, saiu-se com duas colunas ímpares: a primeira, a dizer que a boa notícia para o inter vem de SP. Ele diz que ganhar do Corinthians é favas contadas. Já assistimos essas histórias de certeza para eles, vide Mazembe e TAS. E, para fechar a semana, o mesmo Zini diz que a solução para os problemas do Grêmio na lateral esquerda está no lateral colorado. Chega. É demais para mim. A coluna acaba aqui, abruptamente, não agüento mais. Prefiro Bardhal no bico.