Excelente coluna de ZH dominical de Diogo Olivier.
No berço da retranca brasileira.
Na terra dos propagandistas do "jogar fechadinho" e de "todos atrás da linha da bola" tem quem aplaudir quando aparece um texto destes!
Campeão covarde
Conheço o técnico Tite desde quando eu era setorista de Grêmio e o 3-5-2 montado por ele patrolava o River Plate no Monumental de Nuñez e vencia a Copa do Brasil amassando o Corinthians de Vanderlei Luxembugo. Emprestei-lhe Sueños del Fútbol, um dos sete livros escritos pelo ex-jogador, técnico e dirigente argentino Jorge Valdano. Tite é tolerante e lê, e talvez tolere por ler bastante.
Lembro do Caso das Ovelhinhas, quando Luiz Henrique Benfica e eu transcrevemos em ZH diálogos de dirigentes da época combinando como fariam para convencer o técnico a escalar este ou aquele jogador. O Benfica ligou para Flávio Obino por outro motivo, mas o ex-presidente esqueceu de desligar o celular. Foi como se a estivéssemos na antessala do gabinete da Dilma e ela esquecesse a porta da reunião ministerial entreaberta. Ouvimos tudo involuntariamente, separamos o joio do trigo jornalístico e publicamos.
O termo ovelhinhas nos diálogos enfureceu Tite. Ele tolera e lê, mas solta fogo pelas ventas quando entende que está diante de uma injustiça referente a sua conduta. Talvez não fosse a intenção, mas ovelhinhas pareceu panelinha. No fim do dia, Tite me ligou: “Foi péssimo para mim, mas vocês fizeram o trabalho de vocês. Faria o mesmo, se fosse repórter”. Daí meu susto com a reação dele quando perguntaram se o Corinthians era o Chelsea sul-americano.
– Quem diz isso é burro. Meu time não fica com a bunda lá atrás tentando achar um gol.
Para Tite gritar bunda ao vivo é porque ele estava a fim de voar no pescoço do oponente. Meditei a respeito. Ninguém quer ser Chelsea. É um campeão sinônimo de vergonha, de antijogo, de ruindade. Até os petrodólares de Roman Abramovich passaram a reforçar a onda anti-Chelsea. Uli Hoeness, ex-jogador e presidente do Bayern, disse que a máfia russa triunfou.
Que se faça justiça. O Chelsea não fez nada ilícito. Nem quando adotou aquelas retrancas miseráveis. Muito menos ao ser ajudado por uma sorte desgraçada, capaz de tantas vezes desviar a bola para a trave. Não foi um time violento. Foi apenas covarde. Honestamente covarde, mas covarde. Imagine o seguinte diálogo imaginário no meio do campo, na hora de subir a moedinha do árbitro. Começa falando o capitão do Barça. Ou do Bayern, tanto faz:
– Você ganhou. Não quer a bola?
– Fique com ela. Eu vou esperar você errar para rir por último, já que não consigo criar nada sozinho.
– E se eu fizer o mesmo? E a TV, o futebol, os torcedores?
– Problema seu: vire-se.
Está explicada a fúria justa de Tite, campeão brasileiro e criador daquele Grêmio de 2001. O Chelsea é campeão, mas ninguém quer ser Chelsea, o campeão covarde
Lembro do Caso das Ovelhinhas, quando Luiz Henrique Benfica e eu transcrevemos em ZH diálogos de dirigentes da época combinando como fariam para convencer o técnico a escalar este ou aquele jogador. O Benfica ligou para Flávio Obino por outro motivo, mas o ex-presidente esqueceu de desligar o celular. Foi como se a estivéssemos na antessala do gabinete da Dilma e ela esquecesse a porta da reunião ministerial entreaberta. Ouvimos tudo involuntariamente, separamos o joio do trigo jornalístico e publicamos.
O termo ovelhinhas nos diálogos enfureceu Tite. Ele tolera e lê, mas solta fogo pelas ventas quando entende que está diante de uma injustiça referente a sua conduta. Talvez não fosse a intenção, mas ovelhinhas pareceu panelinha. No fim do dia, Tite me ligou: “Foi péssimo para mim, mas vocês fizeram o trabalho de vocês. Faria o mesmo, se fosse repórter”. Daí meu susto com a reação dele quando perguntaram se o Corinthians era o Chelsea sul-americano.
– Quem diz isso é burro. Meu time não fica com a bunda lá atrás tentando achar um gol.
Para Tite gritar bunda ao vivo é porque ele estava a fim de voar no pescoço do oponente. Meditei a respeito. Ninguém quer ser Chelsea. É um campeão sinônimo de vergonha, de antijogo, de ruindade. Até os petrodólares de Roman Abramovich passaram a reforçar a onda anti-Chelsea. Uli Hoeness, ex-jogador e presidente do Bayern, disse que a máfia russa triunfou.
Que se faça justiça. O Chelsea não fez nada ilícito. Nem quando adotou aquelas retrancas miseráveis. Muito menos ao ser ajudado por uma sorte desgraçada, capaz de tantas vezes desviar a bola para a trave. Não foi um time violento. Foi apenas covarde. Honestamente covarde, mas covarde. Imagine o seguinte diálogo imaginário no meio do campo, na hora de subir a moedinha do árbitro. Começa falando o capitão do Barça. Ou do Bayern, tanto faz:
– Você ganhou. Não quer a bola?
– Fique com ela. Eu vou esperar você errar para rir por último, já que não consigo criar nada sozinho.
– E se eu fizer o mesmo? E a TV, o futebol, os torcedores?
– Problema seu: vire-se.
Está explicada a fúria justa de Tite, campeão brasileiro e criador daquele Grêmio de 2001. O Chelsea é campeão, mas ninguém quer ser Chelsea, o campeão covarde